BRASIL

Temer admite que recebeu R$ 11 milhões da Odebrecht, mas nega caixa 2

 O interino Michel Temer concedeu uma entrevista ao Valor Econômico, em que falou de temas como a reforma da Previdência, a abertura do pré-sal e o pedido de R$ 10 milhões feito ao empreiteiro Marcelo Odebrecht, em pleno Jaburu, que teria sido materializado numa doação em dinheiro vivo.

Sobre Previdência, ele defendeu idade mínima de 65 anos para os homens e 62 para as mulheres. "Sabidamente as mulheres hoje vivem mais que os homens, mas tem essa coisa da dupla, tríplice jornada. Na minha cabeça, tem que haver uma pequena diferença. Se o homem se aposenta com 65, a mulher pode se aposentar com 62. Já é um avanço", disse ele, que previu uma batalha sobre o tema. "As centrais vão acabar não apoiando, seja qual for a reforma. Se não apoiarem, vamos mandar ao Congresso e ver o que acontece. Queremos fazer depois uma publicidade aos jovens e dizer: 'Vocês, daqui a dez, 20 anos, não vão ter como receber' (…) Sim, vai ser uma luta feroz, mas vai ter que ser enfrentada. Quando você me pergunta o que ocorrerá depois do impeachment, essa será uma das batalhas."

Temer também falou sobre seu pedido de R$ 10 milhões à Odebrecht, em pleno Palácio do Jaburu, que, segundo Marcelo Odebrecht foi doado, via caixa dois e em dinheiro vivo – dos quais R$ 4 milhões para Eliseu Padilha, braço direito de Temer.

"Eu não tenho medo dessas coisas. Eu era presidente do partido e ele acertou uma contribuição. Até se falou em R$ 10 milhões, mas na verdade foram R$ 11,3 milhões que ele entregou ao partido — tem a prestação de contas para todos os candidatos a governador…", disse o interino. "Eu não sei se ele falou. A coisa vai para a imprensa e você não sabe se é fruto da delação, se é fruto do advogado. Você não sabe de onde veio. Então, o que eu faço? Eu não vou negar que ele esteve comigo, como tantos outros empresários estiveram comigo. Ainda hoje, quando não há a menor possibilidade de pessoa jurídica [doar dinheiro para campanha] eles vêm me perguntar como vão colaborar. Quando havia a possibilidade das doações, era uma enxurrada de gente pedindo para colaborar."

Temer também disse que não será candidato em 2018, como se tivesse voto para isso e fosse um candidato viável – hoje, 79% dos brasileiros, segundo o Vox Populi, defendem sua imediata saída, seja com novas eleições, seja com a volta de Dilma.

Sobre a abertura do pré-sal, outro tema polêmico, também rejeitado pela maioria dos brasileiros, Temer disse que vai passar. "É prioridade na Câmara, será aprovado, mas o problema é que as eleições municipais atrapalham as votações."

O interino também disse não temer a ação movida pelo PSDB no Tribunal Superior Eleitoral, que pede a cassação da chapa Dilma-Temer. "São questões apartadas, o vice e o presidente são instituições separadas no texto constitucional. Embora examinadas conjuntamente, minha conta foi prestada separadamente. O que é preciso é verificar se o que eu recebi foi fruto também de desajustes eleitorais." 


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