Ao som do tradicional batuque de tambores do Olodum, sob céu nublado e chuva fina, moradores e turistas receberam hoje (24) a Tocha Olímpica em Salvador. O trajeto do símbolo olímpico começou no Pelourinho, em frente à Fundação Casa de Jorge Amado, onde o nadador paralímpico baiano Marcelo Collet acendeu a chama da tocha pela primeira vez na capital da Bahia.
"É muito gratificante poder conduzir essa energia, que é espírito de luta, de amizade. É a mesma emoção de ter atravessado o Canal da Mancha, estou arrepiado por poder estar levando essa energia. A Bahia é uma terra fantástica, que acolhe todos os atletas de uma maneira digna, e estou muito feliz em poder representar esses atletas, a Bahia e o Brasil, tanto nos jogos olímpicos quanto nos paralímpicos", comemorou Marcelo, que ficou com movimentos limitados do joelho esquerdo para baixo após ser atropelado, ao 17 anos.
Rapel e Igreja do Bonfim
A tocha percorreu as ruas do centro histórico, passou pelo Largo do Terreiro de Jesus e chegou à Praça Municipal, em frente à sede da prefeitura de Salvador. No local, manifestantes fizeram um protesto com faixas e cartazes contra o presidente da República interno Michel Temer.
"A gente tem que lutar pela democracia, estamos vivendo numa época em que ela não existe mais. Tenho 40 anos e jamais imaginei estar vivendo esse momento", disse o funcionário público Jaques Lima, que participou da manifestação.
Ao chegar ao Elevador Lacerda, a Tocha olímpica desceu os 72 metros em rapel e em seguida foi levada ao Mercado Modelo, na Cidade Baixa. Dali, percorreu ruas do comércio até a chegada a um dos principais pontos do primeiro trecho do percurso, a Colina da Montanha, que leva à Igreja do Bonfim, símbolo da fé e do sincretismo religioso do povo baiano.
Sob sol forte e um calor que passava dos 30 graus Celsius, no meio da subida, o maratonista aquático baiano Allan do Carmo aguardava vez de segurar o bastão com a chama olímpica. No início da ladeira, a família do atleta esperava ansiosa pelo momento.
"Muito orgulho, muita alegria de ver meu filho aqui. Ele é abençoado e vai ter medalha olímpica. Tenho certeza que Allan está treinando pra isso. Sinto o arrepio dentro do coração por participar disso aqui", disse, emocionado, o pai do atleta, Valmir do Carmo. Assim que recebeu a tocha, Allan do Carmo subiu a escadaria do Bonfim, onde foi recebido pelo grupo afro Filhos de Gandhy.
À tarde, a Tocha Olímpica seguiu da Avenida Paralela até a orla da cidade, no Jardim Armação e depois em direção ao bairro da Pituba. O roteiro da chama olímpica em Salvador inclui o Dique do Tororó, onde será levada em um barco a remo; a Avenida Centenário e o Farol da Barra, onde um show vai comemorar a passagem do símbolo pela capital da Bahia. Os cantores Thiaguinho e Daniela Mercury, condutores da tocha, subirão ao palco junto com a banda mineira Jota Quest.
Caminho
O percurso total da Tocha Olímpica em Salvador tem 35 quilômetros, divididos entre 153 condutores, entre atletas, artistas, estudantes, servidores públicos e representantes de movimentos sociais.
A secretária Elcy Carvalho acompanhou um trecho do trajeto como espectadora e se disse emocionada. "É um momento único e acho que nem meus netos terão oportunidade de passar por isso de perto. Estou muito arrepiada e é muito bonito saber que tive essa oportunidade. Faremos de tudo para receber muito bem a Tocha olímpica e os condutores."
A Tocha Olímpica chegou à Bahia na última quinta-feira (19), vinda do Espirito Santo, e passou por 18 cidades do estado até chegar a Salvador. Amanhã (25), seguirá para Feira de Santana e mais seis municípios baianos. Na sexta-feira (27), a tocha vai ao estado de Pernambuco e volta à Bahia, até Paulo Afonso, e encerra o trajeto no estado, de onde seguirá para Sergipe.
Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.