PARAÍBA

Um tributo a José Targino Maranhão; e assim se passaram noventa anos

Por José Ricardo Porto(*)

​O dia ​6 de setembro marcou os 90 anos do nascimento do ex-governador José Targino Maranhão. Também ex-senador da República em dois mandatos, Maranhão foi uma das maiores lideranças políticas da Paraíba, sendo o único a ocupar o governo do estado por três mandatos.

Um líder que partiu vitimado pela Covid em 2021, mas deixou um legado de obras e ações em prol do povo paraibano. Sobretudo um legado de respeito, integridade, caráter e zelo com a coisa pública nos diversos cargos que ocupou ao longo de sua trajetória política.

Trajetória ímpar, aliás, e vitoriosa, sempre referendada pela população paraibana, que não deixava de votar no inesquecível “mestre de obras”. Vale a pena falar um pouco de sua carreira política para não esquecermos deste que foi uma grande referência política na Paraíba e no Brasil.

Maranhão começou a sua carreira política em 1955, quando foi eleito deputado estadual pelo PTB, partido pelo qual volta a ser eleito deputado estadual por mais dois mandatos consecutivos.

Em 1967, se filiou ao MDB, pelo qual voltou a ser eleito deputado estadual, ficando no cargo até 1969, quando foi cassado pelo AI-5. Num exemplo de fidelidade aos seus princípios políticos, nunca mais sairia do MDB ou PMDB, como o partido chegou a ser nominado por um tempo.

​Com a volta da democracia no Brasil, se elegeu em 1982 deputado federal  voltando a se eleger ao cargo em 1986 sendo assim parlamentar Constituinte. Em 1990, voltou a concorrer a uma vaga de deputado federal, sendo eleito para o período 1991-1994.

Em 1994, foi eleito vice-governador na chapa de seu grande amigo Antônio Mariz. Acabou assumindo o mandato, em virtude da morte de Mariz, cerca de dez meses depois de ter assumido o mandato de governador.

Em 1998, disputa a candidatura à reeleição ao governo do estado pelo então PMDB. Na eleição para governador, é eleito com cerca de 80% dos votos válidos, sendo o governador mais votado do país naquele ano em termos percentuais, reelegendo-se assim governador da Paraíba.

​Em 2002, renuncia ao governo do estado para candidatar-se ao senado obtendo 831.083 votos, sendo o senador mais votado da Paraíba naquela eleição. Em 2009 assume o mandato de governador pela terceira vez, sendo o único paraibano a registrar tal feito.

Em 2014, foi indicado pelo seu partido como candidato a senador da República, cargo pelo qual se elege pela segunda vez com 647.271 votos (37,12% dos votos válidos). Em fevereiro de 2015, já no início da nova Legislatura no Congresso, foi eleito presidente da mais disputada Comissão do Senado: a de Constituição, Justiça e Cidadania, para o biênio 2015/2016.

No Congresso Nacional, teve posturas e posicionamentos sempre ao lado dos interesses do povo. Assim foi em dezembro de 2016, quando votou a favor da PEC do Teto dos Gastos Públicos. Em julho de 2017 votou a favor da reforma trabalhista. Em junho de 2019, votou contra o Decreto das Armas do governo, que flexibilizava porte e posse para o cidadão. Isso, só para citar alguns dos seus posicionamentos.

Fico muito à vontade para falar sobre a trajetória política de José Maranhão porque sempre admirei seu tino administrativo e seu cuidado com a coisa pública.

Maranhão foi um homem público decente. Um verdadeiro mestre de obras, como o povo da Paraíba afirmava nos comícios, nas ruas, nas campanhas eleitorais e no exercício de seus mandatos como governador. Um gestor que levou água e energia elétrica aos mais distantes rincões do estado, que construiu obras imprescindíveis para o desenvolvimento da Paraíba, como estradas (basta citar a duplicação da BR-230), adutoras, viadutos, além de abrir, definitivamente, as portas do estado para o turismo nacional e internacional.

​Teve uma trajetória mais do que vitoriosa. Foi deputado estadual, deputado federal, vice-governador, governador por três mandatos e senador por duas vezes. Foi amigo de meu pai, Sylvio Porto, e os dois chegaram a ser deputados estaduais juntos, nos idos de 1960, mas ambos foram cassados pelo regime militar no ano de 1969.

Viveu os últimos dias ao lado de sua esposa dedicada, a desembargadora Maria de Fátima Bezerra Maranhão, e de filhos e netos, num exemplo de amor e dedicação à família.

Não é exagero afirmar que homens como José Maranhão fazem falta no cenário político nacional hoje. A coerência e firmeza na defesa de suas convicções políticas e sociais é algo raro de se registrar nos tempos atuais. Como já disse, um grande líder, devotado ao seu povo, à família e os valores morais, éticos e de honestidade que sempre moveram a expressiva maioria da população brasileira.

(*) O autor do texto-análise é desembargador do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba

 


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