BRASIL

Vereador admite preconceito com a Funjope no caso do “Puta Cultura”

Durante esta manhã, a Rádio CBN João Pessoa, entrevistou o vereador Lucas de Brito, a secretária de Políticas Públicas para as Mulheres, Socorro Borges e a presidente da Associação das Prostitutas da Paraíba, Maria Luzanira da Silva. Eles prestaram esclarecimentos sobre as polêmicas envolvendo os investimentos da Prefeitura Municipal, por meio da Fundação Cultural de João Pessoa, na APROS, no valor de R$ 180 mil.
O vereador Lucas de Brito disse que não é contra o “Puta Cultura”, mas admitiu preconceito em relação à Funjope. “Questiono sobre como a Funjope está planejando fazer uso deste investimento. Visto que, a Funjope se promove e é notória somente por promover festas e eventos com formato totalmente inusitados. Em razão disso, confesso que formei um pré-conceito sobre como este projeto iria acontecer e pedi esclarecimentos junto ao poder publico municipal”.
Ele disse que atualmente existe um patrulhamento ideológico. “As pessoas rotulam de prontidão e isso permitiu a rebordosa que houve. Mas o meu papel é de fiscalizar o poder executivo. Chamo atenção para os gastos da Funjope, quais são prioridades reais dos gastos públicos? Se eu discordo da forma como a Funjope gasta o dinheiro público, eu tenho direito de pedir esclarecimentos quando financia um projeto importante como este”, destacou Lucas de Brito.
E acrescentou, “as profissionais do sexo merecem uma atenção especial do Governo. Mas, em alguns pontos, continuo discordando do projeto no sentido de que a prioridade deveria ser a de estabelecer políticas publicas de reinserção para saírem desse segmento se assim quisessem. Sou terminantemente contra o Bolsa Prostituta, que permite a escravização ou vem facilitar a prostituição. Um projeto como o do deputado Jean willys é um retrocesso”, ressaltou.
Para a presidente da APROS, Maria Luzanira da Silva, as ações do projeto visam a inclusão social das prostitutas. “Nós teremos aulas de informática. Haverá incentivos ao grupo de teatro, no qual, já desenvolvemos várias atividades, bem como as atividades de prevenção às DST´s, que trazem informações importantes, entre outros aspectos que pra nós é de muito valor”.
Ela disse ainda que na Rua da Areia existem doze casas de prostituição. “O projeto dá oportunidade não só às prostitutas, mas também à comunidade. Eu não acredito que elas estejam ali obrigadas. Elas têm autonomia. Estão porque querem. Tudo que tenho hoje consegui na minha vida de prostituição. Sou feliz assim. O que deixa triste no dia a dia é o preconceito. A APROS está sempre buscando a qualidade de vida, tanto profissional como pessoal. Queremos ser respeitadas como qualquer pessoa, como qualquer cidadão”, esclareceu Maria Luzanira. O lançamento será no dia 2 de julho e vai até o dia 11, na Rua da Areia.

Segundo a secretária Socorro Borges a estratégia de cultura que está sendo retomada é interessante. “O incentivo à cultura é o intercambio na perspectiva da elevação da qualidade de vida das pessoas. Não olhamos a prostituição a partir do estigma. Temos a certeza de que essas mulheres precisam ser respeitadas, inseri-las em políticas que até então estão excluídas. Será montada uma sala de aula para realizar atividades de sensibilização sobre a importância de estudarem sob a perspectiva da realização pessoal e também de adquirir conhecimento”, destacou a secretária.
Socorro Borges disse também que as prostitutas terão escolarização, redução de danos e prevenção das DST´s. “O ponto de cultura é uma possibilidade de oportunizar que elas querendo, podem ter segurança sem violência, com saúde, estudando, sendo prostitutas, poderem acessar o SUS e que principalmente não tenham vergonha da profissão que exercem. Queremos trata-las com dignidade, sem discriminação”, enfatizou.

Entenda
Em pronunciamento na sessão ordinária da última quarta-feira (30), na Câmara de João Pessoa, o vereador Lucas de Brito criticou os investimentos da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), por meio da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), na Associação de Prostitutas da Paraíba (Apros), no valor de R$ 180 mil.
“Existem pessoas escravas da prostituição. Em vez de nos depararmos com uma política pública para devolver a dignidade dessas pessoas e incentivá-las a saírem da prostituição, deparamo-nos com o contrário, com o desenvolvimento do programa Puta Cultura, que vai destinar R$ 180 mil para a Associação de Prostitutas. Precisamos saber o que vai ser feito com esses recursos”, declarou Lucas, na ocasião.
O parlamentar se mostrou preocupado com a possibilidade de que o investimento para a Associação promova a manutenção da prática da prostituição.


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