PIAUÍ

VÍDEO MOSTRA pós-crime de suposto assassinato por PM

O coordenador da Delegacia de Homicídios, delegado Francisco das Chagas, o Barêtta, disse que a Polícia Civil está de posse de um vídeo que evidenciaria a chegada de dois policiais fardados ao local onde o jovem Adriano Sousa, 24 anos, morreu vítima de um suposto acerto de contas feito por um militar do Batalhão das Rondas Ostensivas de Naturezas Especiais (RONE).

As imagens evidenciariam, segundo o delegado, membros da Polícia Militar recolhendo do chão os “estojos” das balas deflagradas contra Adriano Sousa após o crime. O vídeo foi encaminhado à perícia técnica para ser analisado em seus mínimos detalhes. “As imagens mostram os policiais se movimentando”, diz Barêtta.

Um dos “estojos” resultados dos disparos das balas deflagradas também está de posse da Delegacia de Homicídios. O objeto foi levado pelo pai da vítima e sua origem está sendo rastreada. Trata-se de uma bala de uma pistola .40, uma arma letal.

“Essa munição eu apreendi e mandei para o Instituto de Criminalística. Todas as munições no Brasil, pela Lei do Desarmamento, elas têm que ter o número de série. Daí se sabe para quem a fábrica vendeu. Se foi para a polícia ou para particular”, relata.

Ao todo foram efetuados 7 tiros, segundo a Polícia Civil, quando o jovem estava chegando em casa. Cinco desses tiros foram pelas costas, sem direito a defesa. “O motoqueiro chega, efetua cinco disparos, a vítima cai. Ele vem e dá mais dois disparos no lado. O cara ficou agonizando”, descreve.

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O pai do jovem, a quem Barreta se referiu de “o velho”, teria ainda se aproximado do militar e dito: “ô, soldado, porque tu fez isso com meu filho?”. O pai ainda chamou o algoz de "covarde". O senhor também relatou que o homem estava de capacete e com uma mochila nas costas. E chegou a descrever a mochila.

“É aquela coisa, se eu te conheço, e o militar é da região lá, se eu te conheço, você pode estar usando capacete que eu sei quem tu é”, afirmou Barêtta.

O jovem Adriano Sousa era acusado de praticar um assalto contra um militar num conhecido restaurante da Zona Sudeste, no grande Dirceu. Também teria praticado uma tentativa de homicídio contra o irmão do policial apontado pela família da vítima de ter praticado o homicídio.

Antes de morrer, Sousa disse o nome do militar, como que sendo o responsável pelos disparos. “Mesmo que o filho fosse errado, não merecia ser executado daquele jeito”, pondera o delegado.

Levando em conta o alto percentual de resolutividade da Delegacia de Homicídios do Piauí, é muito provável que o crime seja desvendado e os culpados apontados.

O delegado responsável pelo caso é Higgo Martins.

PM AFIRMA QUE NÃO ABRIRÁ SINDICÂNCIA DE OFÍCIO
Quando da divulgação de uma matéria sobre o assunto pela TV Cidade Verde, em que o comandante da Rone, Raimundo Sousa falou ao vivo, detalhes em sua fala chamaram atenção.

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Mesmo a família da vítima apontando o nome do suposto responsável pelo crime, o coronel disse que a princípio não abriria investigação na Corregedoria da Polícia Militar para averiguação interna.

Falou de "acusações falatórias", e disse que o "ônus da prova cabe a quem acusa". No entanto, disse que a Polícia Militar vai "colaborar" e que acatará as investigações da Polícia Civil.

Mas que se a família procurar a Corregedoria da Polícia Militar para fazer uma denúncia formal, todas as medidas serão adotadas para que os procedimentos internos sejam adotados.

Ou seja, a entrevista do pai à TV Cidade Verde, uma testemunha do ocorrido, acusando diretamente um policial do RONE e declinando seu nome, não eram suficientes para abertura de sindicância.

Há um outro ponto obscuro neste caso. É o fato de policiais militares terem, segundo vizinhos da vítima, atuando na cena do crime, ao recolherem no mínimo "três" cápsulas e se retirado do local. Eles não teriam que ter chamado a Polícia Civil e procurado preservar o local do crime?

Crime ocorreu em frente à residência da família no Bairro Renascença
Crime ocorreu em frente à residência da família no Bairro Renascença

BREVE RELATO SOBRE A PISTOLA .40
Revistas especializadas informam que a pistola .40 é “exclusiva” de algumas forças policiais, o que não impede de cair na mão de criminosos.

Diferente do 38, a .40 possui balas com um furo que deixa a pessoa vítima de um tiro “destroçada”.

“Quando acerta uma pessoa, ela esmaga e rompe os tecidos: abre buracos que são preenchidos com o sangue das veias rompidas. Isso quando não atinge partes mais rígidas, como ossos ou cabeça, que são estilhaçados”, diz uma publicação.

A pistola .40 foi criada nos anos 70 a pedido do FBI. Isso aconteceu depois de uma perseguição em que dois agentes foram mortos por fugitivos.

Como um dos criminosos levou 12 tiros antes de parar de atirar, a polícia percebeu que precisava de uma arma com maior “poder de parada”.

180Graus


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