NORDESTE

Wellington Dias destaca em entrevista projetos apresentados na COP 26 com foco na geração de limpas e renováveis no Nordeste

EXCLUSIVO – A edição nº 178 da Revista NORDESTE apresenta entrevista exclusiva com o governador do Piauí, Wellington Dias (PT). Na pauta, a participação recente do gestor na COP-26, que reuniu representantes de quase 200 países, em Glasgow, na Escócia, em busca de ações efetivas para a redução das emissões de gases poluentes e do ritmo acelerado de aquecimento global.

Em contato com o jornalista Walter Santos, o governador piauiense, que passou a presidência do Consórcio Nordeste na última semana para o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, falou sobre a apresentação de propostas de investimentos para a região Nordeste, com foco na geração de energia renovável, menos poluente, a exemplo do hidrogênio verde, entre outras pautas.

Para acessar a entrevista com Wellington Dias na íntegra, basta clicar no link com a imagem da capa que fica localizado na parte inferior do Portal WSCOM e do Portal da Revista NORDESTE, ou, se preferir, basta clicar AQUI e acessar.

Leia a matéria na íntegra, abaixo:

A pauta do Nordeste constrói diálogos de futuro a partir da COP 26

Governador Wellington Dias ainda teve que superar os efeitos da COVID já que foi positivado. Ele tinha tomado 2 doses

Por Walter Santos

De volta ao Brasil, depois de quarentena na Escócia por ter sido registrado com COVID-19, o governador do Piauí e presidente do Consórcio Nordeste, Wellington Dias, concedeu Entrevista Exclusiva à Revista NORDESTE, ele conta todo drama vivido e expõe os projetos apresentados na COP 26 de interesse e perspectiva de investimentos no Nordeste com Hidrogênio Verde.

Revista NORDESTE – Como é se sentir como Governador que mais enfrentou a COVID com todas as precauções e ser atestado positivo na Europa? Qual o sentimento vivido?

Governador Wellington Dias – Aqui no Reino Unido e alguns países da Europa ainda é elevado o número de casos de Covid 19. A COP 26, em Glasgow, Escócia, foi uma das maiores conferências do Clima entre todas nações com pessoas de 200 países aproximadamente. Exigência de exame PCR 72 horas antes de sair do Brasil, exame PCR na chegada e teste rápido todos os dias… Vinha sempre negativo e no quinto dia foi que meu exame deu positivo para Covid 19. Eu já tinha passado por Covid e minha família também, muitas pessoas próximas, mas no Exterior é tudo mais complicado.

NORDESTE – E as medidas preventivas?

Wellington Dias – Mas eu já tinha tomado as 2 doses de vacinas, em maio e agosto, e fiquei bastante confiante do efeito da vacina. É um sentimento de esperança que tudo vai dar certo! A minha equipe muito atenciosa, embaixada do Reino Unido nos orientandos e, sou muito disciplinado seguindo as recomendações médicas, da ciência e da legislação local. Tenho me recuperado em Edinburgh, na Escócia, fica a uma hora de Glasgow. Participei de dois eventos finais por teleconferência e suspendi dois outros eventos presenciais. Um com empresários da Grã-Bretanha, organizado pela embaixada e outro com um grupo de investidores na área de energias limpas.

NORDESTE – Como isto acontece em plena COP? Não há precaução internacional no evento?

Wellington Dias – Eu sabia que haveria risco, mesmo pós vacina. Afinal é um evento com pessoas do mundo inteiro e muitas variantes da Covid em jogo. O número de pessoas com confirmação no evento, da chegada até a saída, e de Glasgow e região, muito elevado, pelo que uma pessoa da organização nos relatou. Mesmo com todos os cuidados e seguindo os protocolos, na hora da refeição, uma entrevista sem máscara… o Coronavírus é traiçoeiro, chega e ataca. Não podemos descuidar.

NORDESTE – Embora sejam casos diferentes, o Sr foi identificado positivo da mesma forma que o ministro da Saúde brasileiro na ONU. O que diferencia os Srs.?

Wellington Dias – Desejei melhoras ao Ministro da Saúde na época. Busco seguir as regras: uso da máscara, distanciamento, álcool gel… em algum momento falhou! O Coronavírus é um inimigo invisível… por isto é perigoso.

NORDESTE – Quais as recomendações científicas do Consórcio Nordeste de agora em diante?

Wellington Dias – Todo esforço no Nordeste é para alcançar igual ou acima de 80% da população vacinada, acima de 12 anos e esperamos autorização para acima de 5 anos. No Piauí já alcançamos esta marca com primeira dose acima de 18 anos e acelerando a dose de reforço, e agora também para alcançar todos vacinados acima de 12 anos. A meta é mais de 80% da população com dose Única ou primeira / segunda dose em todo Nordeste, acima de 12 anos, até 15 de dezembro. A redução do número de casos, internações e óbitos é fruto deste esforço. E torcendo para liberação de medicamento adequado como ocorre com outros vírus.

NORDESTE – Quando pensar em sair das regras da Pandemia?

Wellington Dias – É possível em algum momento com vacinação na casa de 80% sair da regra de pandemia. O Coronavírus, como outros vírus, vai permanecer entre nós, mas não mais com rede de saúde em colapso e mortalidade diária tão alta como chegamos. Enquanto isto não vamos relaxar, é preciso seguir colocando a vida em primeiro lugar!

NORDESTE – O Sr não acha que o Brasil perdeu o protagonismo e na atualidade dá vexame em casos como a Amazônia?

Wellington Dias – É preciso vencer uma barreira: a Amazônia é o deve ser o centro das atenções. Mas envolta dela, precisamos cuidar de um cinturão verde, para captar CO2, repor matéria orgânica ao solo, proteger nossas bacias.3O saneamento que é nosso atraso no Nordeste é também uma oportunidade e tratamos sobre este ponto também!

NORDESTE – Quais os grandes projetos do Piauí e do Consórcio tratados agora? Quais os saldos?

Wellington Dias – Na COP 26 vi uma presença grande de jovens, outras gerações, desde a primeira conferência. Percebo ao longo destes anos que cresceu a consciência ambiental, as mudanças climáticas, e mais ainda para as novas gerações, é uma ameaça real. É também uma oportunidade para o Brasil. E dentro do Brasil o foco para o mundo é a Amazônia, mas o destaque sobre esforço de substituição de queima de madeira e combustíveis fósseis, por exemplo na área industrial e uso de energias, o Nordeste se destaca mais. Somos a região das energias limpas. Um estado como o Piauí que no início deste século não gerava eólica e pouco em energia solar, agora tem em atividade 3,6 gigas ou 14 vezes mais que nossa única hidrelétrica, Boa Esperança no Rio Parnaíba. E temos aprovado mais 12 gigawatts em projetos em andamento execução ou em processo, uma hidrelétrica de Belo Monte… em carteira são 28 GW. Só o Piauí. Mas todos os estados do Nordeste estamos desativando usinas que queimavam óleo diesel, e substituindo queima de madeira por energia elétrica. Agora o esforço para a estruturação do Nordeste com veículos elétricos…

NORDESTE – O caso do Piauí?

Wellington Dias – O Piauí ainda tem 85% do seu território natural, do jeito que Deus fez, 63% de florestas originais e todo ecossistema animal. Aves, vegetal… de cerrados, caatinga, floresta Amazônica e Mata Atlântica… qual modelo de desenvolvimento vamos seguir? Se formos para o modelo da Europa, vamos desmatar 70% das florestas atuais? Alguém está disposto a pagar para respirar, para evitar elevação da temperatura acima de 1,5 graus?

NORDESTE – Mas, ao que se comenta, há uma frustração com o saldo da COP 26…

Wellington Dias – O fracasso da COP 26 foi a não aprovação da taxação internacional pela emissão de CO2. Mas andamos perto. A posição final dos EUA e China, em nota conjunta, foi um passo que ficou para seguir encontrando consenso sobre índice de cobrança. Uma indústria produz pneus e emite CO2, é possível acrescentar ao preço do pneu 0,5% para formação do Fundo Mundial para Compensação Ambiental? Isto vale para todos os produtos no mundo. É possível controlar a vegetação não só da Amazônia, mas no mundo inteiro: qual o balanço entre árvores perdidas e novas reposições ? A meta do Nordeste é de saldo positivo para os próximos 5 anos, com plantio mínimo de 45.000.000 de novas árvores. E fazendo uma integração com o social, pagando as pessoas que vivem nestes biomas para coleta de sementes, produção de mudas, plantio destas mudas e cuidando de cada árvore… apresentei aqui em Glasgow o Pró Verde, edital do Piauí, onde a meta é 5.000.000 de novas árvores para os próximos 5 anos, e no lançamento 2 empresas já se apresentaram comprando uma cota de 1.360.000 e a outra pode chegar a 500.000. Pessoas físicas e jurídicas do Brasil e do mundo podem comprar. A nossa lei autoriza a Cerificação e passa ao empreendedor o direito ao crédito carbono, desde que destine 1/3 para o Fundo Ambiental que remunera os cuidadores das florestas. Ainda temos a agrofloresta, com plantas frutíferas de cada ecossistema, plantadas roças que viraram capoeiras, com baixa produtividade em milho ou feijão ou mandioca… especialmente no semiárido. Aqui é possível trabalhar com o caju, manga, cajá e outros com grande demanda no mercado. E recupera florestando e ainda convive com outras atividades, como apicultura, ovino, aves…

NORDESTE – Como os projetos de Hidrogênio Verde têm despertado interesse dos ricos no Brasil?

Wellington Dias – O acordo que fizemos com a empresa Nexwei e Casa dos Ventos para investimento em produção de Hidrogênio Verde na ZPE de Parnaíba, é outra ação concreta da COP 26. Inicia já a partir de dezembro com a instalação para fase de pesquisa e nos próximos 10 anos está previsto investimentos de U$ 4 bilhões. E vai na direção da COP 26, o hidrogênio verde só é possível onde tem excedente de energia limpa e água, e é o combustível e a energia do futuro. A Alemanha abriu edital para U$ 35 bilhões em compra de hidrogênio verde, para substituir queima de óleo Diesel industrial, veículos a Hidrogênio verde, com uso para carga em Baterias elétricas e outros usos. Então o mercado externo é promissor. A mesma coisa no Brasil, Além de substituir hidrogênio do petróleo, utilizado em adubos agrícolas, por hidrogênio verde!

NORDESTE – O tema ambiental predominou nas discussões do COP. O que os estados apresentaram de diferente do governo brasileiro?

Wellington Dias – A novidade é que o tema ambiental precisa descer da cúpula de cada país para responsabilidade também dos Estados e Municípios. Neste aspecto os Estados Brasileiros inovamos com a criação do Consórcio Brasil verde com 24 Estados e com o fim específico de gerir uma carteira de 9 projetos das 5 regiões do Brasil e para captação de U$ 300 milhões, com boas perspectivas. O Consórcio também por região, destacadamente do Nordeste do Brasil e da Amazônia foram marcantes. A proposta de PPPs Energias Limpas. O acordo que fizemos com a empresa Nexwei e Casa dos Ventos para investimento em produção de Hidrogênio Verde na ZPE de Parnaíba, é outra ação concreta da COP 26. Inicia já a partir de dezembro com a instalação para fase de pesquisa e nos próximos 10 anos está previsto investimentos de U$ 4 bilhões. E vai na direção da COP 26, o hidrogênio verde só é possível onde tem excedente de energia limpa e água, e é o combustível e a energia do futuro. A Alemanha abriu edital para U$ 35 bilhões em compra de hidrogênio verde, para substituir queima de óleo Diesel industrial, veículos a Hidrogênio verde, com uso para carga em Baterias elétricas e outros usos. Então o mercado externo é promissor. A mesma coisa no Brasil, Além de substituir hidrogênio do petróleo, utilizado em adubos agrícolas, por hidrogênio verde! público por energia Eólica e Solar e abrindo caminho para vencermos o atraso na área do lixo e esgoto. A meta de 45.000.000 de novas árvores em 5 anos no mínimo, com sistema de monitoramento e saldo positivo de mais árvores ano a ano, foram recebidas como medidas concretas, simples e resultado garantido.

NORDESTE – Na sua opinião, quando o mundo, as grandes nações devem sair só do discurso?

Wellington Dias – A grande queixa de Glasgow é que não cabe mais tantos discursos: é hora de ações concretas. Nosso evento principal era denominado de “Estados Sub Nacionais” e ao terminar já fomos considerados, pela ausência de iniciativa e até da desconfiança em pelo não cumprimento de metas como o caso do Brasil e de alguns países, para “Estados SUPER NACIONAIS”. Cresceu a esperança e aumentou nossa responsabilidade!

NORDESTE – Por fim, o Sr. fica até quando e como administrará a agenda de forma remota?

Wellington Dias – Pedi prorrogação do afastamento que terminaria na segunda-feira, 15, e agora preciso do tempo para cumprir quarentena aqui em Edinburgh, Escócia – Reino Unido. A previsão da quarentena é de 10 dias e devo fazer exame dia 19 de novembro. Com resultado sendo negativo para Covid 19, viajarei no mesmo dia ou dia seguinte para o Brasil e Piauí. No comando do Estado do Piauí a governadora, professora Regina Sousa. No que ela e equipe precisar estarei pronto para colaborar. Aqui fazendo exames, eu tenho diabete tipo 2, perdi peso e controlou mais, também pressão alta e controlada por medicamentos, além de acompanhar efeitos da Covid no pulmão, para evitar evolução. Durante esta entrevista tive que interromper para uma consulta e logo após devo ir para um hospital em Edinburgh fazer exame do pulmão, mais por precaução. Sinto a respiração normal, graças a Deus!

NORDESTE – O que o Piauí pode esperar do sr no retorno em termos de novos desafios?

Wellington Dias – Pelo Piauí temos um desafio grande que é conduzir o maior programa de investimentos da nossa história, o PRO PIAUÍ. Inspirado no PAC do Presidente Lula estamos integrando 6 blocos de ações: cerca de R$ 2,1 bilhões em investimentos em educação (PRO Educação) além de tudo que já fazemos e o investimos, temos como meta alfabetizar no mínimo 200 mil pessoas jovens e adultos e garantir em todos Estado e com 224 municípios, a Educação na idade certa, investir na estrutura de modernização de todas as escolas com tudo que uma boa escola precisa e qualificação para gestão pedagógica e dos profissionais para educação de muita qualidade, com a concretização este ano em 224 municípios de ensino profissionalizante e superior em todos os municípios (224); O Pro Social com cerca de R$ 600 milhões para rede de proteção aos mais pobres, habitação, sistemas de abastecimento de agua e saneamento, e principalmente a geração de emprego e renda com estímulo ao empreendedorismo. O Pro Infra Estrutura são cerca de R$ 1,2 bilhão na área de rodovias (com intervenção em 4.000 km entre recuperação e rodovias novas), aeroportos, Porto, Marina, metrô, mobilidade urbana, barragens e adutoras, sistemas de abastecimento de água urbano… e Pro Saúde completando 8 regiões de saúde e o Pro Segurança, com mais concursados e qualificação para avanços com investimentos em tecnologias modernas na segurança, além da política ambiental. E ainda o Pro Modernização para mais eficiência nos serviços públicos.

NORDESTE – E como fica o Consórcio dos governadores nordestinos?

Wellington Dias – Pelo Consórcio Nordeste temos instalados 18 Câmaras Temáticas Nordeste que está permitindo integrar várias experiências de sucesso de um Estado ou mais em uma Política Nordeste. O comitê Cientifico se organizando para além da saúde: social, educação, meio ambiente, desenvolvimento sustentável… E agora cresceu a importância e a responsabilidade do Consórcio Brasil Verde. Enquanto os Chefes de Estado vacilam na tomada de decisões de as alterações bruscas nos comandos dos países, veja o exemplo dos EUA, o presidente Obama celebra o acordo de Paris e inicia medidas de implantação e começam a dar resultados e chega o presidente Trump e muda tudo. No governo do presidente Lula e Dilma avanços no Brasil, chega o presidente Bolsonaro e muda tudo… essa instabilidade com mudanças bruscas será corrigida com a responsabilidade de implementação de medidas concretas por Estados e municípios, integrados no Brasil e no mundo. A experiência do Fórum Amazônia, com governadores de todos os países parte da floresta Amazônica, está começando a dar resultado. E assim em outras regiões do mundo.

NORDESTE – Qual sua leitura do País?

Wellington Dias – No Brasil a inflação sem controle, ampliando risco Brasil, subindo juros e descolorando o real, crescendo desemprego e emprego precário e aumentando a pobreza… e ainda risco de recessão em pleno ano eleitoral em 2022. Este é o cenário. Então são muitas missões pela frente. Como quem crê em Deus, em tudo vejo propósitos Dele e está parada não programada aqui deve ser também para planejar melhor, mesmo com Covid 19, terei este tempo para refletir com mais calma sobre tantos desafios que temos pela frente. E que Deus nos abençoe.


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