A edição nº 180 da Revista NORDESTE traz entre os destaques principais uma matéria especial (Clique aqui para acessar) com o governador do Piauí, Wellington Dias, sobre a passagem do comando da presidência do Consórcio Nordeste para Paulo Câmara, de Pernambuco.
Além disso, Dias também fala sobre como as ações do Governo Federal atrapalharam os estados nas ações de enfretamento a pandemia da covid-19 no país.
A nova Revista NORDESTE se encontra disponível para leitura virtual (Clique no link para acessar a edição), ou em edição impressa nas principais bancas de revistas.
Leia abaixo a matéria na íntegra:
Governador do Piauí, Wellington Dias, passa comando para Paulo Câmara, de Pernambuco, com saldo de conquistas
Por Walter Santos
É exatamente no Nordeste brasileiro formado por 9 estados com diferenças localizadas que os governadores lançaram experimento que deu certo com a gestão de situações comuns no Consórcio Nordeste. Nesta Entrevista, o presidente do fórum se despede projetando desempenho com articulações até internacionais. Eis a entrevista:
Revista NORDESTE – O Consórcio vive uma forte fase de transição porque dos 9 governadores, 7 devem ser substituídos porque estão concluindo dois mandatos. Olhando para 2023, o Sr acredita na unidade e manutenção do Bloco com os futuros governantes?
Wellington Dias – O Consórcio Nordeste é uma experiência que teve o envolvimento, a participação direta de líderes não apenas do executivo, governador e vice, mas também com os parlamentares da Câmara, do Senado e das Assembleias Legislativas, tivemos uma forte integração com os municípios. Acredito que hoje é uma unanimidade na região Nordeste a existência do Consórcio como um instrumento para integração e desenvolvimento da região. Por conta disto, eu creio que é mais fácil assim superar as divergências partidárias e possível a partir de um compromisso maior com a região, trabalharmos de forma integrada qualquer que seja o governador. Veja que algo semelhante a gente tem no Fórum dos Governadores do Brasil com uma diferença. O fórum muitas vezes tem que adotar decisões políticas e nesse momento tem divergências. No caso do Consórcio, o objetivo principal é de decisões no campo administrativo, onde agora o que estamos programando são experiências que tiveram sucesso, foram destaque, deram resultados em um estado, poder replicar e transformar em uma política Nordeste. Acredito que esse caminho unifica mesmo com as divergências partidárias. A vaidade ou qualquer outra barreira, é superada.
NORDESTE – De que forma, na sua opinião, o Consórcio acabou substituindo a gestão política da Sudene junto aos 9 estados? Por que da ausência de maior interação entre as partes?
Wellington Dias – O Consórcio Nordeste é previsto na Constituição e na lei, além de ser aprovado pelas Assembleias Legislativas dos 9 estados e tem agora uma experiência prática com bons resultados. Digo que permitiu até além do que era a missão da Sudene porque institucionalmente, cito o exemplo das Câmaras Temáticas, é possível ter toda a expertise, toda a inteligência de uma determinada área focada numa solução. A política de infraestrutura Nordeste, então você tem todas as áreas, os Departamentos de Estrada de Rodagem, as secretarias de infraestruturas, as áreas vinculadas a transporte, aeroportos, ferrovia, transporte marítimo, fluvial, a parte de energias, áreas como a própria integração não só na geração, mas também na segurança dessa área hídrica e também eu destaco em áreas como saneamento básico. Então, todas essas áreas elas têm hoje um mecanismo de um ganho extraordinário com a experiência de anos e anos de técnicos e quando tem uma crise nesse ou naquele estado, o Consórcio consegue estar acima disso. Então eu acredito que se a gente imaginar uma região com 56 milhões de pessoas, uma região que tem um PIB que supera 1 trilhão de reais e a relação internacional, ela é colocada como um país gigante. 150 países no mundo são menores do que representa o Nordeste tanto do ponto de vista populacional como do ponto de vista econômico.
NORDESTE – Mas na comparação com a Sudene?
Wellington Dias – A abrangência e estratégias do Consórcio abrem fronteiras que, por exemplo, não eram missão da Sudene. Colocar uma política em áreas muito além da Sudene, como educação, saúde, social, urbanismo, ou seja, é a presença a partir da estrutura de cada um dos estados, dos executivos estaduais, ou seja, todo o corpo técnico de todas as áreas em cada estado criam base para a construção do projeto Nordeste. Soma-se a isso a academia, o setor privado, a integração com os trabalhadores, os empresários, as áreas sociais, ou seja, é algo realmente muito inovador e de grande impacto na perspectiva futura.
NORDESTE- Olhando ainda para a Pandemia, como o Sr analisa o papel do Governo Federal no trato e efeitos da COVID e qual o papel do Consórcio para evitar o caos?
Wellington Dias – O Governo Federal o tempo todo trabalhou numa linha de tensionamento, ou seja, fugiu do seu papel de poder centralizador no direcionamento da política. Bastaria fazer o que o Brasil sempre fez: seguir a ciência num planejamento estratégico com o uso de medições de acompanhamento sobre a propagação do coronavírus e também de outras doenças. A previsibilidade dos efeitos que isso teria com a criação de filas de atendimento em outras áreas, o próprio sistema de compra de vacinas, de medicamentos, de exames. As dificuldades que tivemos na própria relação com o poder central para aquilo que era a sua obrigação, a sua missão.
NORDESTE – Na prática, como a ação do Governo Federal atrapalhou os estados?
Wellington Dias – Em muitos momentos tivemos a ausência do poder central, por exemplo, na garantia de uma resposta rápida como agora na implementação da aplicação de vacinas para crianças de 5 à 11 anos. Acredito que a história vai dizer que o Brasil poderia ter tido provavelmente metade dos óbitos que tivemos hoje mesmo em uma realidade bastante difícil.
NORDESTE – O Sr e outros governadores foram à Escócia apresentar propostas para COP 26 com ausência completa do Governo Bolsonaro. O que o Nordeste obterá na prática em 2022 em face desse movimento?
Wellington Dias – Ainda no momento em que dou esta entrevista, acabei de celebrar com a empresa Enel Brasil SA, um termo de cooperação em que vamos ter o apoio dessa empresa para a produção e plantio de cerca de 1 milhão de novas árvores no estado do Piauí; isso dentro de uma meta de 5 milhões de árvores num edital que lancei pelo Piauí em Glasgow, na Escócia na COP26. Junto com a Enel, outras empresas também vieram. Esse projeto está integrado com o plano do Nordeste para a área ambiental, cuja meta de 45 milhões de novas árvores, cerca de 5 milhões de novas árvores para cada um dos 9 estados. Dentro de um plano nacional, o Consórcio do Brasil Verde, que se inspirou na ideia de sucesso do Nordeste e Amazônia, onde temos os dois consórcios e a perspectiva é de trabalharmos não só nessa área de plantio de árvore onde a meta é termos um sistema moderno de monitoramento: quantas árvores nós perdemos por ano? Quantas novas árvores estamos plantando ou vendo naturalmente nascer? O objetivo aqui é um saldo positivo ano a ano, isso vai impedir que a gente tenha um aumento, uma elevação da temperatura e outros efeitos que já vivenciamos de mudanças climáticas.
Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.