BAHIA

A força cultural do OLODUM; São 45 anos comemorados em 2024 como patrimônio brasileiro

Muito além de um movimento musical, foi o divisor de águas da música baiana nos anos 80 e que perpassa gerações. Com a bandeira do samba-reggae, o grupo se tornou um dos maiores representantes da cultura baiana e afro-brasileira pelo mundo

 

 

Por Luciana Leão

 

 

Os sons dos tambores do grupo OLODUM  já alcançaram terras além-mar, mas também enaltecem acima da cultura musical e conquista, ao longo de 45 anos de vida, ser um Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia. Quase meio século dedicado à cultura baiana e afro-brasileira.

 

 

Considerado como um movimento musical que foi o divisor de águas da música baiana nos anos 80, o Olodum perpassa gerações. Nas suas canções, músicas de rua, do Carnaval, cultuam a paz, o amor, a luta contra todos os tipos de preconceito, a exemplo do machismo e racismo, além de propagar a cultura de povos africanos.

 

 

Fundado em 25 de abril , como bloco afro carnavalesco em Salvador no ano de 1979, a Banda Olodum é atualmente um grupo cultural, considerado uma organização não governamental reconhecida como de utilidade pública pelo governo do estado da Bahia.

 

Primeiro disco: “Egito Madagascar”

 

 

Depois da estreia no carnaval de 1980, a banda conquistou quase dois mil associados e passou a abordar temas históricos relativos às culturas africana e brasileira.

 

 

O primeiro LP da banda, “Egito Madagascar”, foi gravado em 1987 e alcançou grande sucesso na Bahia e no restante do país com a música “Faraó, Divindade do Egito“, composição de Luciano Gomes. De lá para cá, a maestria da percussão do Olodum ganhou o mundo e perpetuou a cultura afro-brasileira.

 

 

Nas suas canções, músicas de rua, do Carnaval, cultuam a paz, o amor, a luta contra todos os tipos de preconceito. Foto: Produtora Alforria

 

Com a bandeira do samba-reggae, em sua trajetória já se apresentou na Argentina, Estados Unidos, Chile, Canadá, França, Bélgica, Alemanha, Inglaterra, África do Sul, Gana, Costa do Marfim, estando em mais de 45 países. No Brasil já esteve em todos os estados em cidades como São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre, Macapá e Belém.

 

 

O sucesso internacional atraiu para shows e parcerias nomes como Michael Jackson, Linton Kesey Johnson, Paul Simon, Julian Marley, Alpha Blondy, Ziggy Marley, FatBoy Slim, The Platters, Sea, PitBull, Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Elza Soares, Ivete, Cidade Negra, Tim Maia, Jorge Ben, Elba Ramalho, Daniela Mercury, Carlinhos Brown, Péricles, Luan Santana entre outros.

 

 

Confira abaixo ou leia aqui a entrevista exclusiva da NORDESTE com o presidente do OLODUM, Jorginho Rodrigues para a edição de Abril da Revista.

 

 

 

Jorginho Rodrigues, presidente do OLODUM. Foto: Produtora Alforria

 

 

Revista NORDESTE –  Quase meio século de vida dedicada à cultura baiana e a cultura afro-brasileira. Como se sentem neste momento de serem considerados as “vozes” da cultura afro-brasileira além do Brasil?

 

Jorginho Rodrigues–  Estamos muito felizes e nos sentimos realizados, por saber que a nossa missão, a nossa mensagem já alcançou grande parte do seu objeto! As ideias de inclusão, respeito às diferenças, a valorização da cultura afro e principalmente a luta antirracista, foram e serão sempre os pilares do Olodum e saber que somos voz importante nesse movimento, nos deixa muito orgulhosos do trabalho que desenvolvemos ao longo desses 45 anos.

 

NORDESTE– Quais momentos foram mais marcantes na trajetória do grupo

 

Jorginho Rodrigues- A fundação em 79, a criação do projeto Rufar dos tambores em 84 ( atual Escola Olodum), a criação do samba-reggae por Neguinho do Samba, a gravação da música Faraó em 87, as parcerias com Jimmy Cliff, Paul Simon e Michael Jackson, os 45 países visitados e a presença de personalidades mundiais como Mandela, a ativista Malala, o bispo Desmond Tutu entre outras tantos fatos, são alguns dos mais relevantes em nossa história!

 

NORDESTE – Olodum em 1979. Olodum 2024. O que mudou, o que o futuro resguarda?

 

Jorginho Rodrigues– Mudamos a forma de pensar o Olodum, deixamos de ser apenas um Bloco, para se tornar um grupo cultural, social, com uma visão ampliada do fazer cultura e expansão dos nossos negócios também. O olodum de hoje é uma fotografia do passado, porém muito melhor em todos os aspectos. O futuro reserva para gente mais inovação, uma presença ainda mais forte na música e na cultura afro brasileira e também ampliação das ações sociais que já desenvolvemos, para impactar ainda mais pessoas por todo mundo!

 

NORDESTE– O grupo também faz importantes projetos na área social para inclusão de jovens no universo da cultura afro. Comente sobre algumas dessas ações

 

Jorginho Rodrigues- Somos pioneiros na criação de uma escola de educação complementar, baseada na arte educação e antirracista. Somos referência internacional e modelo para outros projetos do Brasil e exterior. Já formamos mais de 30 mil jovens em diferentes áreas e continuaremos focados na missão de transformar a vida de jovens negros e que a partir da Escola Olodum, tem oportunidades para uma vida melhor.

 

NORDESTE– Qual recado a ser dado às futuras gerações afro-brasileiras?

 

Jorginho Rodrigues- Somos potência, fortes, importantes e a nossa força está na nossa consciência enquanto homens e mulheres afro-brasileiras. O legado do Olodum no combate ao racismo na Bahia e no Brasil serve como base importante para que uma nova geração nos ajude a lutar por um mundo mais justo, com equidade e direitos básicos, principalmente da população negra, respeitados! Essa é uma missão de todos nós e continuaremos colaborando sempre nesse sentido!

 

 

 

 

 


Os comentários a seguir são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.

Recomendamos pra você


Receba Notícias no WhatsApp