PARAÍBA

Iêda Lima: Lynaldo Cavalcanti, uma unanimidade

Caçula de cinco filhos do comerciante Arnaldo Cavalcanti de Albuquerque e de Dona Maria Marly Cavalcanti de Albuquerque, o visionário paraibano de Campina Grande, Lynaldo Cavalcanti de Alburquerque, nascido em 08/12/1932, deixou um legado tão grandioso que alçou sua cidade natal para a terceira da lista das mais inovadoras do Brasil, em 2023, de acordo com o Índice de Cidades Empreendedoras (ICE/ENAP) que engloba, dentre outros indicadores, a proporção de mestres e doutores em C&T e Registro de Patentes.

 

Alfabetizado por Dona Vida, cursou o Primário no Instituto Elizabeth D’Liseur, de Alcide Loureiro, esposa de Severino Loureiro (fundadores do Colégio Alfredo Dantas); fez os dois primeiros anos do Ginásio no Colégio Pio XI, concluindo-o em Recife, onde fez o científico.

 

Graduado em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco, em 1955, aos 23 anos de idade, voltou à sua terra natal e logo encontrou seu lugar como Diretor do Departamento de Viação e Obras Públicas da Prefeitura Municipal de Campina Grande, na gestão Elpídio de Almeida (1955/59). A partir daí, foram mais de 30 anos em cargos públicos nas esferas estadual e federal, dentre eles como Professor Catedrático da Escola Politécnica de Campina Grande da Universidade da Paraíba (1957/61); Reitor da Universidade Regional do Nordeste, atual Universidade Estadual da Paraíba (1973/75); Reitor da Universidade Federal da Paraíba (1976/80); e Presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (1980/85), aposentando-se em 1990.

Ainda com muita energia e conhecimento para compartilhar, seguiu prestando serviços de consultoria especializada ou desempenhando cargos de direção em diversos organismos públicos e privados, nos estados do Amazonas, Espírito Santo, Tocantins, Paraíba, Maranhão, Ceará, Rondônia e Pará, destacando-se nessa fase como Diretor Executivo da ABIPTI-Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica (1991-1997).

 

Apesar dessa frenética carreira de gestor, Lynaldo publicou Tecnologia Progressiva e Desenvolvimento (1982); Política Governamental de Ciência e Tecnologia (1983); A interiorização interrompida (1997); e Ciência, Tecnologia e regionalização: descentralização, inovação e tecnologias sociais (2005), em coautoria com Ivan Rocha Neto. Este viria a escrever a biografia Lynaldo CavalcantiAlém das Palavras (2010), iniciada por Lynaldo em 2004.

 

O prócer da Ciência, Tecnologia e Inovação conquistou mais de quarenta medalhas e honrarias de órgãos públicos e universidades de Alagoas, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Acre, Amazonas, Distrito Federal, Ministérios das Relações Exteriores, do Exército e da Aeronáutica, CNPq, INSA e do Conselho de Reitores de Universidades Brasileiras; de organizações como FIEP, ANPROTEC, SEBRAE, SENAI, Ciência Hoje e TV Tambaú; e dos países México, Argentina, Portugal e Canadá. Dessas homenagens destaca-se a Ordem Nacional de Mérito Científico – Classe de Comendador, da Presidência da República do Brasil, em 2007.

 

Lynaldo passou para outro plano em 06 de janeiro de 2011, mas seus feitos continuam dando frutos, no país inteiro. Um deles é o Centro de Estudos de Excelência, Inovação e Negócios – Professor Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque (CEEI), construído em João Pessoa pelo Intituto Acunã em parceria com o Arranjo Produtivo Local de Tecnologia da Informação, Comuninação e Cultura (TICC), graças a uma emenda do senador Veneziano Vital do Rêgo.

 

A coordenadora do Projeto Memória da Universidade Federal de Campina Grande, Rosilene Dias Montenegro, ao falar sobre Lynaldo perguntou-se “de onde veio a clareza para as ações, a coragem para ousar, a força para fazer, a crença para não desanimar da busca dos objetivos propostos, quando quase tudo era adversidade”, e encontrou resposta na dualidade.

 

O menino que adorava futebol e gostava de “matar aulas” para jogar com seus colegas tornou-se um visionário, um líder nato, soube equilibrar sonho e realidade, ousadia e timidez, modéstia e inteligência, força e fragilidade, crença e clareza, conquistando unanimidade de reconhecimento dos que sabem o valor do Desenvolvimento Científico e Tecnológico para a formação e consolidação do capital social e estímulo à autonomia econômica de uma região.

Artigo publicado no jornal A União em 05 de Abril de 2023

 
 


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