Alto Comissário para Direitos Humanos da ONU disse que os “ataques desproporcionais” de Israel podem constituir crimes de guerra
GAZA/JERUSALÉM (Reuters) – Forças de Israel avançaram na Cidade de Gaza – a principal cidade da Faixa de Gaza – em sua ofensiva contra o Hamas, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nesta quinta-feira, mas o grupo militante resistiu com ataques relâmpagos a partir de túneis subterrâneos.
A cidade no norte da Faixa de Gaza tornou-se foco do ataque de Israel, que prometeu aniquilar a estrutura de comando do grupo islâmico palestino e ordenou que civis fugissem para o sul.
“Estamos no auge da batalha. Tivemos sucessos impressionantes e passamos da periferia da Cidade de Gaza. Estamos avançando”, afirmou Netanyahu sem dar mais detalhes.
O brigadeiro-general Iddo Mizrahi, chefe dos engenheiros militares de Israel, afirmou que as tropas estavam em um primeiro estágio de abertura de rotas de acesso em Gaza, mas estavam encontrando minas e armadilhas. “O Hamas aprendeu se preparou bem”, disse.
Soldados do Hamas e da aliada Jihad Islâmica emergiram de túneis para atirar contra tanques e depois desapareceram novamente, segundo moradores e vídeos dos dois grupos.
Com pedidos internacionais para uma pausa humanitária às hostilidades sendo ignorados, não houve trégua para o sofrimento dos civis palestinos, com especialistas da ONU dizendo que eles estão sob “grave risco de genocídio”.
Civis palestinos sofrem com escassez de alimentos, combustível, água potável e remédios.
“Água está sendo usada como uma arma de guerra”, disse Juliette Touma, porta-voz da agência da ONU para refugiados palestinos, a UNRWA.
“ESTAMOS FICANDO DOENTES”
Em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, Rafif Abu Ziyada, de nove anos, disse que ela estava bebendo água suja e tendo dores no estômago e de cabeça.
“Não há gás para cozinhar, não há água, não comemos bem. Estamos ficando doentes”, disse. “Há lixo no chão e o lugar inteiro está poluído.”
Antes de viajar para o Oriente Médio nesta quinta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que discutiria passos concretos para minimizar os danos aos civis em Gaza, após afirmar anteriormente que eles estavam carregando o fardo do conflito.
Mais de um terço dos 35 hospitais de Gaza não estão funcionando, e muitos deles foram transformados em campos improvisados de refugiados.
“A situação é além de catastrófica”, afirmou a caridade Auxílio Médico para Palestinos, descrevendo corredores lotados e muitos médicos que estão em luto e desabrigados.
“Continuamos convencidos que o povo palestino está sob grave risco de genocídio”, afirmaram sete relatores especiais da ONU em um comunicado em Genebra.
“Exigimos um cessar-fogo humanitário para garantir que o auxílio chegue aos que mais precisam”.
A mais recente guerra no conflito de décadas começou quando soldados do Hamas invadiram a fronteira de Gaza com Israel em 7 de outubro. Israel afirma que eles mataram 1.400 pessoas, a maioria civis, e tomaram mais de 200 reféns no dia mais sangrento de seus 75 anos de história.
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