BRASIL

Comércio e escolas voltam a funcionar normalmente no Complexo da Maré

Um dia depois da ocupação do conjunto de favelas, os moradores do Complexo da Maré dizem estar mais seguros com o patrulhamento feito por dois batalhões da Polícia Militar (PM). O comércio e as escolas voltaram a funcionar normalmente. "Ontem, estávamos com 168 homens, e hoje estamos com uma média de 150. A diferença é só por conta da logística, para a montagem das estruturas, mas o efetivo é o mesmo, com turnos de 24 horas que se revezam. O Choque está todo aqui", disse o coronel André Vidal, comandante do Batalhão de Choque.

Para o comandante Vidal, a Maré é um caso em que o confronto entre facções rivais acaba se tornando mais intenso: "É comum locais grandes, como o São Carlos, a Maré e o Complexo do Alemão apresentarem a rivalidade entre facções. Mas, aqui na Maré, por ser uma área plana e não ter barreira geográfica, o confronto parece ser mais contundente", disse o coronel.

Ele acha a divisão do complexo entre organizações criminosas um desafio: "As quadrilhas promovem o terror social, e são arqui-inimigas. Então, o pedaço que divide a Baixa do Sapateiro com o Parque União passa a ser um local de maior tensão, porque, aproveitando a presença policial, algum elemento pode fazer um ato desatinado".

Ao menos três prisões foram feitas nas últimas horas pelos policiais militares. Duas por tráfico de drogas e uma a partir de um mandado de prisão. Os PMs apreenderam munição, drogas, radiocomunicadores e coletes balísticos. Eles circulam pelas ruas, e os moradores manifestam satisfação e preocupações com a situação nas favelas, que reúnem mais de 120 mil habitantes.

Na Vila do Pinheiro, um trabalhador do comércio, que não quis se identificar, conta que era obrigado a conviver com traficantes armados na porta da loja, mesmo no período da manhã: "Com certeza as coisas estão melhorando. Quem era da comunidade vinha aqui na loja mesmo assim, mas gente de fora não vinha de jeito nenhum. Só de termos tudo isso aí, é um avanço", disse ele, apontando para a coleta de lixo e a troca da iluminação pública que tinha sido danificada por tiros.

Outro comerciante, que tomava conta do movimento em seu restaurante, perto dos limites entre a Nova Holanda e a Baixa do Sapateiro, demonstra apreensão: "A gente fica muito preocupado, porque parece que vai ter um confronto a qualquer hora", disse. Circulando em meio ao comércio aberto em uma das ruas mais movimentadas do Complexo da Maré, uma senhora, não quis se identificar nem dar entrevista, mesmo assim, disse que o clima era de tranquilidade: "Não gosto de ficar falando, mas as coisas estão melhores. Sinto mais segurança".

Agência Brasil


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