BRASIL

Livro com denúncia e soluções para a seca é lançado nesta segunda

O livro Reféns da Seca, de Magno Martins, será lançado na próxima segunda-feira (16), às 16h, no plenário da Assembleia Legislativa da Paraíba. Nas suas andanças, usando apenas um smartphone para documentar as imagens, o repórter penetrou num mundo de sofrimento, habitado pelos verdadeiros excluídos nordestinos. Traçou um cenário dramático, mas irretocável, reacendendo o debate da velha “indústria da seca”, e pinçando, ao final, verdadeiros “severinos” que compõem o painel do livro Reféns da Seca.

O Nordeste enfrenta a pior seca dos últimos 50 anos. Em novembro do ano passado, quando a mídia ainda não havia despertado para a gravidade deste quadro, o jornalista Magno Martins, editor do Blog do Magno, percorreu 7,2 km pelos bolsões atingidos pelo fenômeno entre os Estados de Pernambuco, Ceará e Paraíba.

É uma edição da Carpe Diem, editora responsável por grandes sucessos no País. “O livro retrata personagens que nunca conseguiram escapar das garras do flagelo da seca, deserdados, sem bolsa-família, sem-teto, sem nada”, diz Magno.

É o quarto livro do autor, que edita diariamente um blog político, pioneiro no Nordeste, com 40 mil acessos únicos por dia. Em 1993, Magno lançou O Nordeste que deu certo, fruto também de uma longa jornada. Andou 10 mil km nos nove Estados nordestinos para documentar experiências exitosas no campo econômico.

Mais tarde, veio o seu segundo livro – O lixo do poder. Retrata a degradação social da periferia de Brasília, realçando os contrastes da capital e do poder. Em 2003, lançou A derrota não anunciada, obra que desmitifica a eleição para prefeito do Recife em 2000, na qual um então operário, o hoje deputado federal João Paulo (PT), derrotou o ex-prefeito Roberto Magalhães (DEM), que disputava a reeleição.

Mas Reféns da Seca, segundo ele, não fica apenas no campo da denúncia social e do que pinçou de desgraça rastreada pela longa seca. Vai mais além e mostra que o fenômeno tem solução, mas precisa de decisão política. Uma das alternativas é o projeto Base Zero, do engenheiro José Arthur Padilha, objeto de um capítulo específico do livro.

O livro mostra, ainda, a experiência de Israel, que produz abundantemente em pleno deserto, passando também pelo exemplo chinês na retirada do papel do seu projeto de transposição de águas, o que vem sendo feito igualmente no Brasil, mas com resultados duvidosos, atrasos e contestações de estudiosos.

“Ao fim desta que é a maior seca dos últimos 50 anos, o Nordeste poderá ter perdido até 40% de seu rebanho bovino, cerca de 29,5 milhões de cabeças, segundo o IBGE. Um prejuízo estrutural e duradouro, que levará décadas para ser recuperado”, alerta Magno.

E acrescenta: “Os números da seca são chocantes e alarmantes: 22 milhões de pessoas atingidas em 1,4 mil municípios do Nordeste e uma pequena parte de Minas, o Vale do Jequitinhonha; R$ 6,8 bilhões em perdas, sendo R$ 3,6 bilhões em lavouras de subsistências e o restante com a morte de animais”.

Só em Pernambuco, segundo Magno, metade do rebanho bovino sumiu. “De 2,1 milhões de cabeças de gado, total que havia no pasto antes da seca, 200 mil morreram, 300 mil foram transferidas para outras regiões e 500 mil abatidas precocemente. Um enorme desperdício de recursos em meio ao rotineiro sofrimento daquela gente, algo orçado em R$ 1,1 bilhão”, destaca ele.  


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