BRASIL

Partidos montam equipes para combater fake news nas redes sociais

A pouco mais de quatro meses das eleições, pré-candidatos à Presidência da República se mostram articulados no combate às fake news nas redes sociais. Apesar de a campanha oficial nem sequer ter começado, políticos e partidos se dizem preocupados com o impacto que as notícias falsas têm o poder de causar no rumo da disputa ao Palácio do Planalto. Num processo curto, em que a internet terá papel de difundir projetos dos candidatos, o conteúdo fraudulento — produzido não só por amadores, mas por marqueteiros profissionais — pode colocar em risco o processo democrático das últimas décadas.

A propagação de notícias falsas não é algo recente. Histórias já foram construídas à base de boatos. E o fenômeno prossegue nos tempos atuais. Em 2016, o norte-americano Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos com o apoio de agentes russos produtores de fake news. Investigações seguem em curso para analisar a influência deles também em outros países, como Inglaterra, França e Alemanha.

Na tentativa de se precaver, a equipe que trabalha na campanha do tucano Geraldo Alckmin (PSDB) vai preparar a militância do país para atuar no combate ao conteúdo falso. “Vamos cadastrar pessoas específicas para denunciar e organizar a comunicação e os canais para fazê-lo, como WhatsApp, e-mail e páginas exclusivas do candidato”, explicou Marcelo Vitorino, professor de marketing político da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e responsável pela campanha do tucano na internet. O principal objetivo, segundo o especialista, é desmentir as informações através do mesmo meio em que elas forem propagadas. “A equipe oficial só começa a atuar durante a campanha. Antes, o que se faz é um trabalho partidário”, emendou.

Por meio da assessoria de imprensa, a coordenação de comunicação do pré-candidato do MDB, Henrique Meirelles, disse que vai disponibilizar uma área no site do ex-ministro da Fazenda para responder a eventuais fake news difundidas contra ele. “Essas respostas também serão divulgadas nas redes sociais”, informou. Na quarta-feira, o partido decidiu, oficialmente, pelo nome de Meirelles na disputa ao Planalto.  Com a decisão, saiu de cena o presidente Michel Temer, afetado pela impopularidade, e assumiu um candidato que pode bancar a própria campanha e que tem menos rejeição internamente e entre o eleitorado, como mostram as últimas pesquisas de intenção de voto.

Aperfeiçoamento
Conhecido por ser uma aposta na renovação de nomes na política nacional, João Amoêdo, do Partido Novo, mantém em seu site uma seção para desmascarar conteúdos falsos. As equipes responsáveis monitoram, frequentemente, as redes sociais e recebem alertas de todas as notícias com o nome do pré-candidato. Questionada se as estratégias de combate podem mudar com a proximidade do pleito, a legenda afirmou que “está em constante aperfeiçoamento e conta, cada vez mais, com a atuação virtual de seus apoiadores para responder a fake news”. “A mentira é sempre uma ameaça. Por isso, precisa ser combatida, tanto no ambiente virtual como no mundo real”, pontuou.

Frequentemente envolvido em polêmicas na web, o deputado Jair Bolsonaro (PP) é um dos pré-candidatos que estão investindo na internet como território de campanha eleitoral. A assessoria de imprensa lamentou que o político enfrente fake news desde 2011 e contou que ele “está calejado” em relação ao assunto.

Durante a Marcha dos Prefeitos, que ocorreu em Brasília na semana passada, o parlamentar disse que as redes sociais representam 99% de sua campanha. Ele afirmou ainda que os jovens são responsáveis pela maior parte do engajamento e que, infelizmente, “como tem gente que comenta para o bem, tem gente que comenta para o mal”.

Correio Braziliense


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