BRASIL

Revista NORDESTE mostra ideais de partidos esquerdistas nesta edição

Ao contrário do que o senso comum ressoa, as diferenças políticas entre direita e esquerda seguem existindo e cada vez mais se aprofundam no debate sobre a sociedade brasileira. Pelo menos, é o que garantem os quatro principais expoentes da esquerda brasileira menos pragmática. Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU), Partido Comunista Brasileiro (PCB) e Partido da Causa Operária (PCO) seguem como os bastiões brasileiros das ideias comunistas e socialistas que separaram o mundo em duas partes durante décadas de Guerra Fria.

Em comum, os quatro partidos têm a ideologia estrita, que impede coligações com partidos de outros campos ideológicos, a negação dos valores capitalistas, a crítica ao livre mercado, as privatizações e a democracia representativa, além da defesa das liberdades individuais e dos direitos das minorias.

“São partidos classistas, portando dentro de uma perspectiva não reformista, que se opõe ao capitalismo, a democracia liberal e representativa, são legendas revolucionárias. Embora disputem eleições, o ideário da sigla é de ruptura com esta democracia representativa e com o capitalismo”, explica o professor de ciências políticas da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Ricardo Ismael.

Do ponto de vista eleitoral, existe uma dificuldade de estes partidos apresentarem candidatos competitivos. Eles sobrevivem com raras vitórias no parlamento, com candidaturas quase simbólicas, onde eles se colocam contra o próprio sistema eleitoral que fazem parte. E este sentimento de ruptura, que também levou milhares de brasileiros às ruas no ano passado, pode beneficiar estas legendas.

“Eles têm atraído muitos jovens que estão desencantados com PT, com PCdoB, e procuram estes partidos para trabalhar de forma muito mais participativa, que abre o debate. Os jovens estão indo as ruas reclamar da democracia representativa, cujos eleitos muitas vezes se fecham em si mesmos, não dialogam com a sociedade. Há, em parte destes jovens, uma crítica modelo dos atuais partidos, onde as decisões são tomadas a portas fechadas”, explica Ismael.

O cientista político acredita que, na medida em que estes jovens se desencantam com os partidos e com os políticos, terminam abraçando estas legendas que defendem ações que já não passam mais pela via institucional.

E este processo não é novo. Pela proximidade com os movimentos sociais, desde a época da Ditadura Militar, estas siglas sempre estiveram envolvidas em protestos e manifestações públicas. “Estamos realizando um processo de organização, para reunir os movimentos sociais em junho de 2014, durante a Copa do Mundo. Precisamos acabar com esta situação de não ter dinheiro para construir hospital, mas ter dinheiro para construir estádios caríssimos. O PSTU segue tendo foco na organização das lutas dos trabalhadores, mas a disputa eleitoral também é importante”, diz o presidente nacional do PSTU e pré-candidato a presidência da República, Zé Maria de Almeida.

Mesmo com a possibilidade de crescimento, a política eleitoral é vista por muitos dos correligionários da esquerda brasileira como um trampolim para a ‘revolução comunista’, que seria atingida verdadeiramente com a participação popular nas decisões dos rumos do país. Para o secretário de organização da executiva nacional do PCO, Antônio Carlos Silva, embora haja importância em usar a tribuna do Congresso Federal para ampliar o discurso do partido, a eleição de quadros não é prioridade.

“Eleição é um terreno de ilusão, é demagogia dizer que eleger um deputado vai mudar isso, a solução está na mobilização da população. Principalmente porque é difícil trabalhar estas questões em uma eleição controlada pelo poder econômica”, explica.

(Veja a matéria completa na edição nº 88 da REVISTA NORDESTE, já em todas as bancas do país) 
 


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