BRASIL

Vovó do axé, Sarajane rebate Leitte: “quem se americaniza perde a essência”

Uma das pioneiras do axé, a cantora Sarajane, do hit "Roda", pôs seu bloco no circuito Campo Grande, na tarde deste sábado, e rebateu a afirmação de Claudia Leitte de que a crise no gênero existe porque a "indústria do axé só pensou em lucrar". Para a cantora, o axé está muito vivo, mas longe da versão pop e americanizada de alguns artistas. "O axé é uma música feita nos guetos, com o ritmo do candomblé e dos blocos afros, que se misturam. Só que depois, quando as pessoas ficam mais americanizadas, mais pop na forma de se vestir, de cantar, aí perde a essência. E você não pode perder sua baianidade, fica sem personalidade. A música baiana vem passando por várias mudanças. É uma festa em que as pessoas trazem outros estilos (arrocha, eletrônico), e o enfraquecimento é exatamente esse. O Carnaval de salvador é uma vitrine. Quando você abre muito a guarda e lota de outros estilos, enfraquece", disse Sarajane, ao UOL, recusando-se a citar nomes. Leitte, no entanto, se prepara para lançar carreira internacional.

Em entrevista à "Folha de S. Paulo", Claudia Leitte disse que o modelo do Carnaval de Salvador se esgotou porque "todo o mundo se preocupou em ganhar dinheiro instantaneamente". "As pessoas se preocuparam em ter na hora o 'cash' e não em ter suporte para 10, 20 anos de festa", reclamou.

No ano em que o gênero completa 30 anos, Sarajane, que se considera a "vovó do axé", questionou: "O que é a indústria do axé? É um empresário, uma empresa, um artista. Não sei, mas Claudia Leitte também está dentro desse contexto da indústria. Ela ganha muito dinheiro com isso. Nem sei por que ela falou isso", rebateu.

Com 35 anos de carreira, Sarajane, indiretamente, também se inclui no grupo de artistas que estão deixando o axé um pouco de lado. Ela promete, ainda para este ano, um CD de forró, gravado em Recife. "[O disco] se chama 'Flor de Canela', e é de forró tradicional", conta. Ela ainda lançará um disco produzido em parceria com Carlinhos Brown.

Patrocinada por órgãos governamentais, a cantora é uma das poucas artistas a desfilar sem corda, isto é, sem público pagante. Ela conduziu o trio no circuito Osmar, embalada em sucessos como "Oxum" e "Roda". No palco, ela recebeu três artistas que a acompanharam nos anos 1980: Laurinha, uma das primeiras cantoras de axé, Zé Paulo, músico de Minas Gerais, e Cassia. "Eles começaram no axé comigo".


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