BRASIL

Articulista Delfim Neto defende aumento na produtividade econômica no país

Não há porque se surpreender com a decisão do Conselho de Politica Monetária do Banco Central – o COPOM – da última quarta-feira, 28.05, de manter em 11% a taxa básica de juros, depois de um longo ciclo de elevação da SELIC, iniciado em abril do ano passado.
Estava mesmo na hora de parar de aumentar a taxa de juros e será muito bom que ela não volte a subir.

Apesar da descrença de muitos, o fato é que a política monetária está produzindo os efeitos programados no comportamento da inflação e mais: o nível da atividade econômica está caindo e há sérias suspeitas de que em ritmo mais forte do que muita gente também imagina. O que falta acontecer é uma virada na expectativa inflacionária que ainda está voltada para cima; e não vira porque o governo insiste no controle de preços, mesmo diante da perspectiva de mais redução nos níveis da atividade em importantes setores. Será muito bom, mesmo, que a maioria das pessoas se convença que a taxa de juros não deve mais voltar subir.

O que ninguém pode duvidar é que o país precisa retomar o desenvolvimento e para isso tem que haver estímulo na medida correta para aumentar os investimentos, o que o governo custou a entender. Agora, animado com o renovado sucesso dos leilões das rodovias, lançou um pacote de oito bilhões de reais em licitações de obras, não apenas as rodoviárias, mas tentando recuperar o tempo perdido na ampliação da infraestrutura dos portos e do transporte ferroviário. No caso dos portos foi preciso chegar a acordos pontuais de ampliação dos prazos de concessões para dar tempo ao concessionário para recuperar o capital que investir, o que está sendo feito com bastante rapidez. E, finalmente, está melhorando o modelo para lançamento dos programas das ferrovias. Felizmente já se percebe que está havendo uma mudança importante – até radical -no comportamento do governo desde que foi convencido de que não podia fixar, ao mesmo tempo, a qualidade do empreendimento e a taxa de retorno do investimento nas concessões.

O Brasil está com um nível de emprego muito alto e começa a sentir que não tem mais a disponibilidade de mão-de-obra nativa para atender às necessidades do crescimento. Tornou-se evidente – para todos nós – que é preciso aumentar a produtividade e esse aumento se dá quando se põe mais capital por homem trabalhando. A relação capital por homem é fundamental, pois se o trabalhador só tem uma pá ou um arado ele cultiva 2 hectares; mas se ele passa a trabalhar com um tratorzinho, passa a cultivar seus 15 hectares.

Para que a sua produção seja aproveitada, ele precisa ser servido por uma infraestrutura cuja ampliação é importante, porque funciona como uma injeção na veia no aumento da produtividade em toda a economia. Para se ter uma ideia, em três ou quatro anos de realização desses investimentos, os custos para transportar a produção agropecuária dos campos do novo Oeste brasileiro até os mercados de consumo interno ou portos de exportação do Leste ou do extremo Norte poderão ter descontos de 30% e até 40%. É como se tivesse um aumento de produtividade física. É assim que se faz o desenvolvimento.

 

(Artigo disponível na edição nº 91 da Revista Nordeste, à venda em todas as bancas)
 


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