BRASIL

BC leiloa US$ 1,5 bi e Dilma convoca reunião urgente com ministros

No dia seguinte ao rebaixamento da nota brasileira pela Standard & Poor's, com o dólar chegando a superar R$ 3,90, o Banco Central anunciou que vai leiloar entre US$ 1,5 bilhão de linhas de crédito para reduzir a volatilidade do mercado.

No Planalto, Dilma convocou uma reunião ministerial urgente para tentar 'apagar o incêndio' com sua coordenação política.

O leilão anunciado nesta quinta-feira (10) pelo BC é de dinheiro novo, que será colocado no mercado, com compromisso de recompra em janeiro e abril do próximo ano. Na semana passada, o banco já havia leiloado US$ 2,4 bilhões, mas de renovação de linhas de crédito que ele já havia feito.

Às 10h10, a moeda dos EUA subia 1,56%, a R$ 3,858. No mesmo horário, a Bovespa caía 2%.

Nesse horário, a presidente Dilma Rousseff já havia convocado uma reunião de emergência com sua coordenação política.

Esse tipo de encontro acontece uma vez por semana, geralmente às segunda-feiras, para que a presidente e seus principais ministros discutam os assuntos da semana. O grupo já se reuniu na terça-feira (8).

O tema que a presidente quer tratar nesta quinta, porém, é único: saídas para o rombo fiscal de R$ 30,5 bilhões apresentado na semana passada, pela equipe econômica, na proposta orçamentária para 2016.

A ordem de Dilma é que, o mais rápido possível, sua equipe apresente maneiras de cortar despesas do governo e elevar a arrecadação, muito provavelmente com novos impostos.

A presidente diz preferir que os novos tributos tenham data para acabar fixada em lei.

Diante do desencontro de integrantes do governo, como os ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento) travando subsequentes embates na condução da política econômica, Dilma pretende afinar o discurso e, para acalmar o mercado, fazer ressoar entre os ministros que a meta do Executivo é perseguir um superavit de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto), mesmo apresentando um Orçamento deficitário para o ano que vem.

MAIS IMPOSTOS

Em entrevista ao jornal "Valor Econômico", publicada nesta quinta, a presidente disse que vai perseguir a meta de superavit e afirmou que o rombo fiscal só será coberto com o corte de despesas e o aumento de impostos.

"Inequivocadamente, teremos de ter ampliação da receita", declarou.

A presidente afirmou que é o Executivo quem deve propor novos tributos e, apesar de não dar detalhes das propostas que o governo está avaliando enviar ao Congresso nas próximas semanas, diz preferir que sejam tributos com data para acabar fixada em lei.

Dilma defendeu ainda o envio ao Legislativo de propostas de mudanças legais para viabilizar o enxugamento das despesas obrigatórias.

"É a nossa responsabilidade dizer onde, quando e como [vamos cortar e aumentar receitas]. Muitas pessoas estão falando, o governo está avaliando. Não fecha sem aumento de receitas, a não ser que o pessoal queira ficar com o 0,5% do PIB de deficit", disse a presidente.

"Nós ainda vamos cortar, enxugar um pouco", completou, em referência à reforma administrativa anunciada pelo governo no mês passado. O Ministério do Planejamento diz que irá cortar pelo menos 10 dos 39 ministérios, mas nada foi efetivamente anunciado e Dilma também não deu detalhes do que irá fazer. Ressaltou apenas que quer manter o status de ministério do Banco Central.

Nos últimos dias, integrantes do governo têm falado sobre a possibilidade de aumento do Imposto de Renda das pessoas físicas, a criação de um imposto provisório e da elevação alíquotas de tributos, como a Cide, cobrado sobre combustíveis. Mas Dilma avaliou que o aumento da Cide não seria suficiente e traria um forte impacto inflacionário.

IG


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