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Entrevista da NORDESTE: ‘Como o turismo pode reforçar a economia’

NORDESTE: O ano começa com a retomada de projetos, alguns iniciados no ano passado. O que o senhor identifica como pilares fundamentais do Ministério do Turismo para 2015?

Vinícius Lajes: Este ano será de muitas oportunidades para o setor do turismo. Uma de nossas prioridades é dar continuidade aos investimentos em infraestrutura turística, feitos pelo próprio Ministério do Turismo, e atuar de forma conjunta com outros ministérios que têm investimentos que podem nos favorecer, como a Secretaria de Aviação Civil, por meio dos investimentos no Programa de Aviação Regional, ou a Secretaria Especial de Portos, com os investimentos na área portuária que podem contribuir de maneira decisiva com o turismo náutico.
NORDESTE: Levando em conta o tamanho do Governo, não seria recomendável ampliar a interface com outras áreas?

Vinícius: Também vamos estabelecer parcerias com outras áreas do governo que possam beneficiar o turismo no Brasil. Por exemplo, com o Ministério da Agricultura podemos atrair o turista por meio dos alimentos brasileiros que são exportados. Apesar de sermos grandes produtores de commodities agrícolas, não temos a mesma expressão ainda no tema gastronomia, a exemplo de outros países; com o Ministério da Pesca podemos incentivar a prática da pesca esportiva, que atrai muitos turistas e mesmo a grande diversidade de peixes tropicais também como parte de nossa oferta gastronômica. com o MEC vamos trabalhar no nosso plano de qualificação do setor. Com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação temos entendimentos voltados para a inserção do turismo na agenda de inovação do país. Estes são apenas alguns exemplos.

NORDESTE: O Brasil foi palco da Copa do Mundo em 2014 e receberá nos próximos anos outros eventos importantes, como as Olimpíadas de 2016. Qual o saldo para o futuro?

Vinícius: Depois da Copa do Mundo temos um outro grande desafio, que são os Jogos Olímpicos. Vamos trabalhar para tornar 2016 o ano Olímpico do Brasil, e que todo o país seja beneficiado por este grande evento. Vamos ampliar nossas ações de promoção, tanto internamente como para o mercado internacional e realizar eventos relativos aos jogos em todo o país.

NORDESTE: Que recomendações o senhor recebeu da presidente Dilma Rousseff para o Ministério?

Vinícius: Temos investido em uma gestão ágil, moderna e inovadora, amparada nas recomendações de boa governança dos órgãos de controle. Mas, acima de tudo, o que nossa presidente nos pede sempre é muito trabalho focado nas prioridades que ampliarão e qualificarão ainda mais a oferta turística do país. A presidenta é uma líder que impressiona pela determinação, compromisso com a agenda de transformações do país e capacidade de trabalho. Desde o convite, e em distintas ocasiões, o diálogo tem sido sempre estimulante e motivador.

NORDESTE : Como será a interlocução com o setor privado?

Vinícius: Estabelecemos uma nova ponte com o trade turístico, com os agentes do setor privado que efetivamente são quem produzem turismo no Brasil. Essa escuta permanente do trade tem sido fundamental, não apenas por que são os agentes dos investimentos na ampliação da oferta de hotéis, restaurantes, atrativos turísticos, aviões, mas por que acreditamos que o desenho e o monitoramento das políticas públicas para o setor deve ter essa sintonia. O mesmo vale para os demais elos da cadeia de valor turística, como os trabalhadores e os profissionais liberais que trabalham diretamente na oferta turística.

NORDESTE: Não se pode ignorar o fator econômico e, claro, sua conjuntura internacional. Em um evidente período de retração, como o senhor tem conduzido as estratégias para transformar o turismo em incremento econômico?

Vinícius: Um balanço preliminar da Organização Mundial do Turismo (OMT) mostrou que o número de viajantes cresceu 4,7% pelo mundo, de 2013 para 2014, índice que supera a estimativa da própria entidade. Em 2014 a movimentação de turistas internacionais ultrapassou 1,1 bilhão de pessoas. Estes dados mostram que, apesar da conjuntura internacional, o turismo continuou crescendo, e com a melhoria no cenário que já vem sendo notada, podemos nos beneficiar. Mas para isso, é necessário investirmos mais em promoção, na melhora do ambiente legal para ampliarmos os investimentos no país, e continuarmos a investir em infraestrutura.

NORDESTE: Embora o Brasil tenha crescido em termos de atratividade de turistas, ainda estamos aquém de nossa potencialidade, se compararmos com países de grande força no setor. Qual a meta, em termos de números, para 2015, e que estratégias o senhor pretende adotar?

Vinícius: Nos últimos anos tivemos um crescimento sustentável no setor. Uma década atrás eram 139 milhões de viagens domésticas. Números preliminares indicam que o mercado interno registrou 205 milhões de deslocamentos em 2014. De janeiro a novembro, a entrada de divisas pela conta viagens foi de US$ 6,39 bi, aumento de 4,3% em relação aos US$ 6,12 bi do mesmo período de 2013. Se considerarmos o ano de criação do Ministério do Turismo, 2003, quando a receita cambial foi US$ 2,48 bi, o salto é superior a 250%.

NORDESTE: O Nordeste está próximo das Américas, da Europa e da África. Como este componente geográfico e as demais atrações naturais, humanas e de perspectivas de novos negócios estão nas estratégias para transformar tudo isso em dividendos?

Vinícius: Creio que a conectividade aérea deve ser encarada como uma prioridade. Ou seja, ampliar o número de voos e sua frequência vai ter impactos no fluxo turístico como também baratear as passagens. Quanto mais voos, mais fácil trabalhar pacotes integrado com a região Nordeste, Sudeste e com o exterior. Também precisamos qualificar a mão de obra e os investimentos em promoção.

NORDESTE : Um dos aspectos importantes para resolver a recepção dos turistas é investir na qualificação da mão-de-obra, ainda deficiente em alguns segmentos. Como o Ministério está investindo na capacitação?

Vinícius: O Ministério do Turismo criou 21 diretrizes que vão nortear o novo Plano Nacional de Qualificação do Turismo, a ser lançado ainda em 2015. O objetivo é qualificar trabalhadores, gestores, empresários e empreendedores que atuam nos serviços vinculados às atividades turísticas.

NORDESTE: Como se traduzem as ações dentro das diretrizes na construção de nova fase das políticas do Turismo?

Vinícius: As 21 diretrizes estão divididas em duas linhas de atuação: formação profissional e certificação de pessoas. A primeira linha de ação é composta por 16 diretivas para orientar o planejamento, a execução, o monitoramento e a avaliação de ações. A segunda, com cinco critérios-base, tem o propósito de orientar e atualizar os perfis profissionais. O conteúdo está à disposição dos estados e municípios para que possam adotá-las.


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