ALAGOAS

Ex-prefeito criou rede de laranjas para desviar milhões

A Polícia Federal (PF) explicou detalhes da Operação Kali, deflagrada na manhã desta terça-feira (05), em que coloca a figura do ex-prefeito de Marechal Deodoro, Cristiano Matheus, como líder de uma organização criminosa, estruturada por uma rede de “laranjas”. O bando seria responsável, conforme a investigação, por ocultar empresas, bens e desviar valores provenientes de fundos e programas de educação, destinados ao município enquanto ele era o gestor.

Ao todo, foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão em Maceió, Marechal Deodoro e Pão de Açúcar, além de Nova Olinda, no Maranhão. Foram apreendidos seis veículos, todos com valor acima de R$ 60 mil, além de R$ 297 mil, US$ 5 mil e 14 mil euros. A quantia estava guardada em um cofre de um apartamento que pertence a uma dona de construtora.

A PF avalia que há indícios de lavagem de dinheiro nos meses de junho e julho deste ano. A negociação de imóveis no nome do irmão do Cristiano Matheus está avaliada em R$ 530 mil.

Representações foram feitas à Justiça Federal, pela PF, mas os pedidos de prisão não foram acatados até o momento. Mesmo assim, as ordens de busca e apreensão foram cumpridas pelos policiais nesta terça-feira.

A investigação apontou um cardápio nefasto de práticas criminosas que dilapidaram e vilipendiaram os cofres públicos de Marechal, conforme avaliação feita pelo superintendente da PF em Alagoas, delegado Bernardes Gonçalves. As ações delituosas, segundo a PF, serviram para ocultar o patrimônio e com fim de inviabilizar a apuração acerca deste grupo.

SEM FIM

O ex-prefeito, de acordo com a investigação, estruturou uma rede, aparentemente interminável, de laranjas, sendo amigos e empregados seus, para impedir os trabalhos investigativos da polícia. O motorista particular de Cristiano, conforme a PF, ainda é pago pelo governo do Estado, desde fevereiro de 2017. O profissional está vinculado à Secretaria Estadual de Cultura, que é comandada pela ex-esposa do prefeito, Melina Freitas.:

Ouvido pela polícia, o motorista revelou que nunca deu um dia de serviço para o estado. O trabalho dele é ser motorista do ex-prefeito, mas o salário é pago pelo Estado.

O dinheiro apreendido durante a operação estava no apartamento da dona de uma construtora, que reformou o apartamento do Cristiano Matheus, o mesmo local em que o ex-prefeito apareceu em uma discussão com uma ex-mulher.

DISCUSSÃO

Essa construtora em questão, segundo a Polícia Federal, tinha um contrato de R$ 17 milhões com o município de Marechal Deodoro e que, em 2014, pagou R$ 104 mil numa reforma e ambientação desse apartamento onde Cristiano Matheus morava. Segundo a polícia, o imóvel está no nome de um amigo, que seria “laranja” do ex prefeito.

Outra informação relevante passada durante a coletiva aponta que o parto da ex-mulher de Cristiano foi pago por esse mesmo laranja. Nos últimos sete meses do governo do ex-prefeito, essa pessoa teria movimentado R$ 14 milhões na conta dele.

“Volume de informações muito grande porque foram várias operações. Eles agem dessa forma com o objetivo de dificultar as investigações da PF”, revelou o delegado Bernardes Gonçalves Torres.

Segundo a PF, o grupo liderado por Cristiano usava dinheiro em espécie porque já teve as contas bloqueadas. E revelou que o parto a ex-mulher do ex-prefeito custou R$ 4 mil. O médico que fez o procedimento depôs e disse que não era comum esse pagamento em dinheiro.

Brasil 247


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