PERNAMBUCO

‘Meu país Pernambuco’: entenda origens da expressão e do orgulho de ser pernambucano

Historiadores apontam que estado tentou ser território independente diversas vezes, como na Revolução de 1817, que deu origem a feriado de 6 de março. Bandeira é ostentada em tatuagens, roupas e souvenir.

 

O amor por Pernambuco pode ser visto nos comportamentos, gírias e nas artes por quem vem ao estado. Uma expressão comum, fruto desse orgulho, é “meu país Pernambuco”. Segundo historiadores, as origens da frase remetem ao tempo em que o Brasil ainda era colônia portuguesa e as tentativas de ser um território independente.

 

Há quem diga que pernambucano é o povo “mais apaixonado em linha reta” pelo próprio estado – daí a expressão, parte do cotidiano do estado, apontou o historiador Filipe Domingues.

A Revolução Pernambucana de 1817 é um exemplo disso e, em 2017, virou feriado estadual, celebrado no domingo (6). Na época, Pernambuco declarou independência do resto do país e foi uma república independente por 70 dias.

 

“No século 19, quando houve a fuga da família real portuguesa aqui para o Brasil, que sustentava a corte lá do Rio de Janeiro era Pernambuco. E efetivamente Pernambuco se separa no 6 de março de 1817, na famosa carta magna, que é feriado aqui no nosso estado”, afirmou Domingues.

 

A tentativa de ser um país não parou por aí, mesmo tendo sido fortemente reprimida. “Depois, pela segunda vez, Pernambuco tenta se separar, agora não mais com Dom João. Dom Pedro I tenta impor uma constituição. Pernambuco queria uma constituição promulgada, debatida, então em 1824, nós nos separamos de novo, com a famosa Confederação do Equador”, relatou o historiador.

 

Em 1848, eclodiu a Revolução Praiera, onde mais uma vez o estado luta por independência dos governantes. “Pernambuco defendia uma conduta mais liberal, enquanto o império queria colocar aqui um governante conservador”, explicou Domingues.

Além dessas revoltas, o historiador Flávio Cabral afirmou que a presença dos holandeses na região do Recife no século 17 também contribuiu. “É um espírito que vem também da época dos holandeses, da saída dos holandeses. Fica sempre retomando essas falas de ‘expulsou invasor’, de que rebelou-se contra Portugal. Isso é uma coisa que vai unindo”, disse Cabral.

A bandeira atual de Pernambuco, lembrou Flávio Cabral, tem sua origem na Revolução de 1817. “A revolução de 1817 precisava de um símbolo, de um marco. Em um primeiro momento, a bandeira foi uma totalmente branca. […] Depois ela vai aparecer no modelo atual, hasteada no Forte do Brum”, relatou.

 

Essa bandeira, com um arco-íris, estampa roupas, lembranças e também tatuagens. O tatuador Leandro Lira perdeu as contas de quantas já tatuou em clientes.

“O meu amor pela nossa cultura era tão grande que eu tinha que exprimir isso para as pessoas, tinha que proporcionar que elas também tenham. Esse amor é um amor coletivo. Eu nunca fui para outro estado do Brasil onde elas sejam tão apaixonadas”, afirmou Lira.

 

Filipe Domingues apontou que, somado a esse histórico, duas figuras foram essenciais para que, nos anos de 1990, o pernambucano exaltasse ainda mais as suas origens: Chico Science e Ariano Suassuna.

“Na década de 90, duas pessoas foram importantíssimas para a consolidação desse orgulho, dessa ufania de ser pernambucano. Chico Science com o movimento mangue-beat, em que você tem o símbolo da parabólica fincada na lama do mangue. […] E o paraíbano radicado em Pernambuco Ariano Suassuna, que sempre defendeu que a gente não deveria reproduzir a cultura americana, que a gente devia era conhecer nossas raízes”, disse Domingues.

 

*g1pe


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