BRASIL

Municípios admitem falta de preparo para enfrentar nova seca

Municípios cearenses temem ausência de recarga hídrica dos reservatórios em 2015. A possibilidade de a próxima quadra chuvosa ter precipitações abaixo da média histórica assusta gestores de cidades que, nos três últimos anos, sofreram com a falta de água para pecuária, agricultura e consumo humano. Levantamento feito pelo O POVO mostrou que 2.869 comunidades, localidades e distritos têm problemas com o abastecimento de água. São locais onde as criações estão sem pastagem, a produção agrícola foi comprometida, e há carência de poços, sendo necessário acionar carros-pipa.


Em Santa Quitéria – a 222 quilômetros de Fortaleza -, a amplitude territorial dificulta a distribuição dos recursos hídricos. Segundo o secretário municipal de Agricultura, Cesário Júnior, existem 200 comunidades e nove distritos com problemas severos de abastecimento. A esperança é ter uma quadra invernosa acima da média para recuperar os reservatórios e impulsionar a produção agrícola.


Essa expectativa é semelhante em vários municípios cearenses. Mesmo nas regiões de situação hídrica mais confortável, há temor pela ausência de chuvas nos próximos meses. A maioria dos gestores, conforme apurou O POVO, espera ter mais apoio e financiamento dos Governos estadual e federal para expandir as ações emergenciais e executar ações estruturantes de combate à estiagem.


A expressão “ainda não, mas não descartamos essa possibilidade” foi utilizada por parte dos secretários quando indagados sobre racionamento de água nas sedes dos municípios.


Para quem já viu as últimas reservas de água se esvaírem, resta o amparo de municípios vizinhos e as operações de carros-pipa – desenvolvidas pela Defesa Civil Estadual, pelo Exército Brasileiro e pelas próprias prefeituras. Em Tejuçuoca, por exemplo, há racionamento de água até na sede e 96 localidades têm problemas graves de abastecimento. A situação se repete em várias cidades ouvidas pela reportagem. Para alguns secretários de Agricultura, é impensável a possibilidade de não haver recarga de reservatórios em 2015.

Em Jijoca de Jericoacoara, distante 314 quilômetros da Capital, ainda não há racionamento e existem poços para utilização popular. O temor para 2015, segundo o secretário de Agricultura e Abastecimento, José Arteiro Ferreira, é ter o turismo afetado pela falta de água. “Estamos trabalhando com chafarizes e tentando fazer o máximo possível para garantir o abastecimento da área rural. Mas, se a quadra chuvosa for menor que (em) 2014, vai ficar difícil. O turismo vai sumir. Onde encontraremos água?”, indaga.

(Colaborou Letícia Alves/Especial para O POVO) 


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