BAHIA

Quiabo é o grande vilão e deve inflacionar o caruru, prato típico baiano

A segunda quinzena de setembro marca não apenas o começo da primavera, mas também é, no caso dos baianos, o início da temporada de carurus para São Cosme e Damião. Assim, a partir dessa segunda-feira (21), as feiras livres da capital deverão agregar um fluxo maior de pessoas para a compra dos ingredientes de um dos pratos mais tradicionais do estado.

E aquele que é um dos principais componentes do típico prato baiano deverá também ser o grande vilão da temporada. Ofertado com o cento à R$ 5 na Feira de São Joaquim, no Comércio, e a R$ 6 na Feira das Sete Portas, o quiabo já integra, segundo os comerciantes, a lista dos produtos que deverão sofrer um aumento conforme o passar dos dias desta semana que acaba de começar.

O otimismo motiva trabalhadores, como Edézio Brandão, que vê no prato típico dos gêmeos santificados, uma forma para respirar em meio às vendas baixas da época. “Caruru é algo que as pessoas não deixam de fazer. Durante todos esses anos sempre temos uma venda maior por conta dele, e acho que esse ano deverá continuar assim”.

Segundo o feirante Nilson Crispim, as vendas do fruto estavam tímidas nos últimos dias, mas deverão aumentar a partir de hoje. De R$ 5, o cento deve chegar a R$ 7 na quarta-feira, e, na sexta-feira – véspera da data comemorativa -, poderá alcançar o dobro do valor, atingindo os R$ 10.
“Tudo vai depender de quando chegar o caminhão dos fornecedores no decorrer da semana. Quando são os caminhões grandes, podem ter aproximadamente 1000 sacos, e nesse caso, o preço não aumenta tanto, mas caso só vir as caminhonetes – que carregam pouco mais de 200 sacos –, o preço deve ficar maior”, explica o feirante, acrescentando que não há como saber o volume do carregamento, até pouco antes dele chegar na feira.

TRADIÇÃO

O motivo para a euforia e confiança nas vendas é que o os santos da vez serão homenageados no próximo fim de semana. Enquanto a Igreja Católica celebra a devoção aos gêmeos no dia 26 de setembro, o Candomblé festeja a mesma adoração religiosa no dia seguinte, levando suas orações aos orixás Ibejis, por meio do sincretismo religioso.

Dessa forma, seja o consumidor cristão ou seguidor das crenças afro-brasileiras, ele deverá correr nesta semana para conseguir comprar os produtos o quanto antes para não precisar pagar um valor maior, ou mesmo ter dificuldades para encontrar os produtos.
Afinal, sendo uma das mais celebradas datas religiosas do estado, comerciantes já tratam o assunto com segurança, e, para eles, nem mesmo a crise econômica deve afastar os baianos das feiras e encher a sacola, preparando-se para a fartura gastronômica tão fomentada por sua identidade cultural.
Algumas pessoas, a exemplo da aposentada Aracy Braga, já se antecipam para garantir os melhores preços, em São Joaquim. Devota, dona Aracy prefere não arriscar deixar para os últimos dias, tendo que desembolsar mais para consumir os mesmos produtos.

“Este ano, a gente já está super econômico, mas não quero deixar de fazer caruru. Já faço há mais de trinta anos! Mas, é melhor aproveitar esse domingo livre para isso, do que ter que perder um tempo bem maior no meio da semana”, avaliou.
Alta de preço do camarão

Enquanto isso, outros ingredientes também deverão sofrer alterações, a exemplo do camarão, que, mesmo com o quilo ofertado a R$ 27, em ambas as feiras, e poderá chegar a R$ 30, conforme a procura aumente.

Alguns produtos podem ser encontrados com o mesmo preço nos dois locais, a exemplo do azeite de dendê, cuja garrafa de 1 litro está a venda por R$ 6, assim como o leite de coco, o quilo da castanha que sai por R$ 30, e do gengibre, que está disponível por R$ 10, e também do tempero verde, por R$ 3.
Já o quilo do amendoim está ofertado a R$ 5 no Comércio, e R$ 6, nas Sete Portas, enquanto que a cebola branca é encontrada entre montantes que variam dos R$ 2 aos R$ 3. O feijão fradinho, em São Joaquim, por sua vez, tem valores entre R$ 2,80 a R$ 4, a depender da barraca, enquanto que, nas proximidades da Djalma Dutra, sai por R$ 5, o quilo.
O coco seco é outro utensílio que está mais barato na concentração de feirantes próximo ao terminal dos ferry-boats, saindo por R$ 1,50 a unidade, enquanto que a mesma é encontrada por R$ 2 nas Sete Portas.
Para o ensopado de galinha, o consumidor também precisará adquirir o frango abatido, que em São Joaquim é vendido por R$ 6,59 o quilo, ou por R$ 8, caso o cliente descida adquiri-lo na concentração dos feirantes da região de Aquidabã.  


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