CEARÁ

Em uma década, 34 cidades do Ceará têm queda no número de habitantes

Depois de ver os quatro filhos irem embora para terminar os estudos ou trabalhar, Lúcia Canuto, 55, “nascida e criada” em Aratuba, também planeja tomar os rumos da Capital. Além da saudade dos filhos, em tempos de seca, a agricultura não rende como antes, e é preciso buscar outro meio de vida. A 128 km de Fortaleza, a cidade do Maciço de Baturité é uma das 34 que, em dez anos, tiveram diferença negativa de habitantes, segundo as estimativas de população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicadas no fim de agosto. Das 34, 20 têm menos de 20 mil habitantes. Moradores e especialistas apontam a falta de oportunidades de emprego e serviços como a principal justificativa para o decréscimo.

Na outra ponta da projeção, em geral, as cidades médias são as que mais crescem desde 2010. No período, a população do Ceará cresceu 0,7%. O movimento evidencia um processo de migração interna no Estado, sintetiza Cleyber Nascimento, analista de Políticas Públicas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). “As pessoas procuram áreas maiores para serem atendidas por serviços públicos e terem melhores condições de trabalho”.

Outro motivador da migração, ressalta Cleyber, é a estiagem prolongada. Dos 34 municípios que mais “encolheram”, pelo menos 13 têm mais da metade da população na área rural. Como consequência do menor adensamento populacional, ele aponta, as economias destas cidades têm prejuízos. Já as que recebem essas pessoas têm de estar preparadas para o inchaço da imigração.

O IBGE leva em conta dados estatísticos observados no Censo anterior (2010) para lançar a estimativa. Entre as variáveis, indica Francisco José Moreira Lopes, chefe da unidade do instituto no Ceará, estão taxas de natalidade e de mortalidade. Mudanças de limite de municípios também são fatores que influenciam as flutuações demográficas. Este, inclusive, é o motivo que gestores municipais apontam como causa das quedas. Em Aratuba, o IBGE teria desconsiderado pelo menos três comunidades, reclama Sérgio Passos, secretário da Agricultura e Recursos Hídricos. “Esse é um erro básico que é imperdoável”, que motivou a queda de 15,7% da população na última década, afirma.

Mariana Freire
O Povo

 


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