BRASIL

Intolerância política cria aprendizes de terroristas

No dia 15, a notícia da explosão de um coquetel molotov no diretório do PT em Jundiaí foi engolida pela caudalosa cobertura das manifestações contra o partido e a presidente Dilma. Na madrugada de quarta-feira, outra bomba artesanal foi atirada contra o diretório municipal de São Paulo.

Não importa de quem foi a mão que atirou os coquetéis molotov contra as instalações petistas. E se não fosse contra o PT mas contra outro partido, teria a mesma gravidade. Este germe da violência política, que andava hibernado desde o final da ditadura, foi agora reativado por todos os que nos últimos tempos se esforçaram para desqualificar a política. Por todos os que instigaram o ódio e a intolerância contra o PT, a ele direcionando as frustrações com um sistema político que o partido não inventou, embora não tenha conseguido, é verdade, escapar de seus tentáculos.

Estamos chocando o ovo da serpente da intolerância política, já disseram tantos. A cobertura da manifestações pela grande mídia, exaltando um protesto onde bonecos de Lula e Dilma foram enforcados, onde suásticas desfilaram e os beneficiários de programas sociais foram estigmatizados, onde se pediu ditadura e volta dos militares, ajudou muito a esquentar o ninho. A Operação Lava Jato, com suas investigações seletivas, mirando o PT e poupando outras siglas, também contribui com a fermentação antipetista. A postura raivosa da oposição e a ambivalência do PMDB, o partido que é governo mas faz oposição ao governo, são outros ingredientes. E houve também, por parte do PT, a instigação ao "nós contra eles" na campanha do ano passado.

Neste caldo de cultura da intolerância estão se criando em São Paulo, a terra do ódio mais vivo ao PT, estes aprendizes de terroristas. Sim, sem exagero, o nome é este, segundo as definições acadêmicas ou o senso comum. Terroristas são as ações políticas violentas dirigidas contra alvos específicos. É exatamente isso que começa a ser feito contra o PT, que hoje é a bola da vez, mas amanhã pode ser contra qualquer outro partido ou instituição política.

Por Tereza Cruvinel, do 247


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