NORDESTE

Maersk: Suape recebe investimento de R$ 2,6 bilhões para novo terminal de contêineres

Demorou alguns anos, mas finalmente um dos maiores conglomerados de logística marítima em portos pelo mundo, o grupo  dinamarquês A. P.  Moller-Maersk selou a instalação de um Terminal de Uso Privado (TUP) da APM Terminals e sua chegada ao Complexo Industrial de Suape ao anunciar na manhã desta terça-feira (1/09) para investidores, empresários, autoridades do Governo o começo do que pode vir a ser o maior hub logístico do Nordeste.

 

A Maersk arrematou por R$ 445 milhões uma área de 49,2 hectares do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), leiloada pela Justiça Federal, para pagamento de dívidas com credores.  Com isso viabilizou o projeto de um Novo Terminal de Contêineres no Complexo Industrial de Suape, e tornar o porto mais competitivo para rotas de navios via outros continentes, em especial, o mercado asiático e europeu.

 

Em investimentos, a Maersk prevê cerca de R$ 2,6 bilhões nos próximos quatro anos, quando deverá entrar em operação, em 2026. Isso significa a previsão de geração de 350 novos empregos diretos, com impacto em novas cadeias produtivas tanto em Pernambuco como para o Nordeste.

 

Quando entrar em operação, previsto para início de 2026,  a capacidade inicial do novo terminal é de movimentar cerca de 400 mil TEUS ( unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), podendo chegar a marca de 1,3 milhão de TEUS anuais.

 

Por sua localização estratégica, o porto de Suape se credencia com a chegada da Maersk a entrar na rota de grandes armadores do mundo. Entretanto, ainda pesa contra o Porto de Suape os preços altos das tarifas cobradas.

 

Segundo a Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq), Suape possui a tarifa mais alta no país. O diretor de Desenvolvimento para as Américas do grupo dinamarquês, Leonardo Levy, avalia que todo esse ambiente de negócio pode mudar a partir do momento que se abre as possibilidades para a operação do Novo Terminal de Contêineres e isso traz concorrência e competitividade.

 

“Suape está entre os 10 maiores portos do País em movimentação de cargas, mas ainda é pouco. Podemos mudar. É o terceiro em cabotagem. Tem as maiores tarifas, sim. Por isso  precisamos de mais concorrência para instalar uma operação de transbordo com redução de custos para o mercado de armazenagem e isso gera um multiplicador de renda, no entorno do Complexo”, opinou Levy.

 

“Vamos viabilizar uma logística mais eficiente reduzindo custos e alinhando com a política de NET Zero. O que nos animou é que Suape é um porto verde. Aqueles portos que não estiverem alinhados às práticas de ESG vão perder cargas. “Temos uma grande expectativa de que, com mais competitividade e eficiência, os exportadores e os importadores vão reagir trazendo mais linhas de navegação diretas, conectando a Ásia e a Europa diretamente ao Porto de Suape”, concluiu.

 

Modelo de Gestão

 

Maior investimento da APM Terminals na América Latina, o terminal está projetado para ter infraestrutura de primeira linha. Tem como carros-chefes dois conceitos alinhados com o modelo de gestão praticado em Suape: a sustentabilidade e a eficiência pela inovação tecnológica.

 

Como em todas as suas operações no mundo, o grupo europeu conta com um Programa de Descarbonização, que busca minimizar a pegada de carbono. O complexo industrial tem 59% de sua área dedicada à conservação ambiental e já contabiliza seu estoque de carbono, com um modelo de gestão com as melhores práticas ESG (sigla em inglês para governança corporativa, social e ambiental).

 

 

Tecnologia e pesquisas

 

A APM Terminals conta com uma série de ferramentas para maximizar a eficiência das suas operações e encontrará em Suape um ambiente de desenvolvimento de plataformas tecnológicas com a ambiciosa meta de se tornar o porto mais moderno do Brasil.

 

Neste sentido, conta com aliados estratégicos situados no Porto Digital do Recife, como a CESAR School, que está desenvolvendo cinco módulos de Sistemas de Operação dos Terminais Portuários; e o Softex Recife, que está viabilizando trabalhos conjuntos da estatal portuária e das empresas em funcionamento no complexo com as mais de 200 startups instaladas.

 

Próximos passos

 

Até o início da operação, algumas etapas ainda devem ser ultrapassadas como as licenças ambientais necessárias, assim como todo o trâmite das regulações, o que deve estar finalizado no início de 2024.

 

“Serão dois anos de obras. Por isso, nossa previsão é que a operação inicie em 2026, mas pode ser antecipada. Sou um otimista”, disse o CEO para as Américas, da APM Terminals, Leonardo Levy.

 

A iniciativa possibilitará mais conexões com os principais portos do mundo, além de incrementar a movimentação de cargas de cabotagem (entre portos nacionais), setor no qual Suape já é líder no Brasil.

 

O Complexo Portuário concentrará volumes ainda maiores de cargas conteinerizadas a serem distribuídas no Nordeste e no restante do País, com uma redução de custos que tornará Suape mais competitivo tanto em preço quanto em localização.

 

“Essa novidade, juntamente com diversos projetos realizados ao longo destes anos, buscam tornar o porto mais competitivo e atraente para novos negócios nacionais e internacionais”, declarou o diretor-presidente do Porto de Suape, Roberto Gusmão.

 

Fruticultura

 

Além de tornar o porto mais competitivo, a chegada da Maersk pode acelerar a vinda de investidores para trazer outras cargas como frutas e grãos produzidos no Nordeste para o Complexo Industrial de Suape.

 

Ao ser questionado pela reportagem da Revista Nordeste se haveria possibilidade desse tipo de carga ser introduzido no radar de movimentação de cargas, segundo Leonardo Levy, a carga refrigerada, que é necessária, por exemplo, para armazenamento de frutas é uma carga sensível.

 

Atualmente, toda a produção de frutas no Vale de São Francisco, por exemplo,  é transportada para os mercados externos via porto de Pecém (CE) e Salvador (BA). Isso porque Suape deixou de ser rota para o tipo de mercado, por não possuir armazenamento específico para tal produto.

 

“Uma carga refrigerada não pode sofrer por exemplo com uma cadeia logística que é interrompida. Se existe uma rota que leva as frutas para a Europa, essa rota não pode ser interrompida por navios que estão vindo para Suape e deixam de escalar Suape por uma semana, porque o Porto não está operando da forma que precisa”, disse.

 

“Se você tem uma logística consistente, confiável e o navio vai estar aqui toda semana, são elementos importantes para que a carga refrigerada venha. Este é um elemento importantíssimo. Outros elementos são as tarifas mais baratas.Cada porto tem seu potencial. Suape precisa de mais competição” concluiu.


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