Eis a análise:
Calvário: afinal, os recursos “negociados” eram de Caixa 2 ou para uso pessoal? A tipificação que resta
O processo de acompanhamento contínuo da Operação Calvário insiste em apontar enfrentamentos de narrativas sobre os efeitos maléficos produzidos em diversas personalidades, em especial o ex-governador Ricardo Coutinho, mas quando o tempo serenar advogados dos acusados vão precisar debruçar sobre uma questão objetiva: as denúncias / delações e documentos existentes procedem ou não e que tipo de infração estará sendo tipificado.
Esta é a questão central que precisa ser encarada de forma absolutamente fria porque em torno do processo em algum momento se afunilará para tipificar a ação , se foi Caixa 2 de campanha ou neste contexto houve aproveitamento para enriquecimento ilícito. São dois cenários com origem comum na receptação de recursos.
A POLITIZAÇÃO EM CURSO
Até prova em contrário, como acentuou ontem no Rio de Janeiro o ex-presidente Lula, o ex-governador Ricardo Coutinho é personagem inocente e com histórico espetacular de resultados efetivos em favor da democracia e da sociedade, mas agora a exigir que, ao se apresentar, comprove as licitudes de seus atos. É isto o que ele diz que fará.
Enquanto não age efetivamente neste sentido, posto que ainda não se apresentou pela decretação da prisão, resta tão somente o discurso de politização acusando a midiatização do processo, mas os autos constam de documentos muito fortes a exigir contraponto documental à altura.
A RAIZ DO PROBLEMA
As campanhas eleitorais sempre produzem negociações por fora, desde quando inaugurou-se a tal República. A questão de agora da Calvário cheira nessa direção com personagens intermediários se locupletando.
Os envelopes amarelos da campanha de Cássio e o volume de estrutura paralela de Bolsonaro na recente campanha são casos, como de agora, em que as disputam abrigam recursos fora do caixa. O PT se tivesse assumido Caixa 2 na fase da Mensalão, o resultado poderia ter sido diferente.
Este ano, por exemplo, ao se deparar com Caixa 2 na campanha do ministro Onyx Lorenzoni, o ministro da Justiça , Sérgio Moro, considerou “crime menor”, portanto, este é um dos aspectos que a Defesa de Ricardo precisa avaliar se assume ou não porque, doutra forma é muito pior.
SINTESE
O drama em torno da Calvário é imenso com constrangimentos a gerar solidariedade automática em torno dos acusados, mesmo assim o processo está a exigir contra ponto convincente.
A dados do denso relatório judicial, a trama comprovadamente existiu.