BRASIL

Projeto multimídia registra vida de vaqueiros do interior potiguar e gaúcho

Por Luan Matias

Os estados do Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul possuem semelhanças além dos seus nomes. Apesar de separados geograficamente por mais de três mil quilômetros, o fotógrafo Pablo Pinheiro encontrou no homem do campo, especialmente na figura do vaqueiro, um traço comum entre a cultura do interior nordestino e a do sul do país. O projeto multimídia “Uma Tradição nos Rio Grandes – a imagem do Vaqueiro Contemporâneo em transição” foi vencedor do edital público de 2014 do Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, um dos mais importantes do segmento audiovisual do país.

Nascido em São Paulo e radicado em Natal, Pablo iniciou as pesquisas e fez as primeiras fotos em 2010, no interior do Rio Grande do Norte, onde registrou imagens do cotidiano de vaqueiros da região do Seridó. Mas o interesse do fotógrafo sobre o tema remete à sua infância e adolescência, quando filmes, desenhos animados e uma mudança de país fomentaram o estereótipo da figura do cavaleiro em seu imaginário. “Meu pai fez um concurso para doutorado e nós fomos morar no Arizona, nos Estados Unidos. Lá parecia um faroeste antigo, com cactos… Também havia um estúdio de gravação desses filmes, que mantém até hoje a cidade cenográfica e as produções”, explicou. Foi na América do Norte que ele também descobriu a fotografia.

Pablo expôs o primeiro trabalho sobre vaqueiros em 2011, quando recebeu o Troféu Cultura. Um ano mais tarde foi contemplado pelo Programa da Cultura do BNB e viajou pela Paraíba e Rio Grande do Norte. Com o prêmio Marc Ferrez em 2014, a proposta foi expandida: surgia ali a possibilidade de inserção durante um mês no interior do Rio Grande do Sul, além da evolução do projeto fotográfico para o multimídia – o material já está disponível para ser acessado no site http://estudiop.com.br/ .

 

 

O fotógrafo explica que a princípio foi ao extremo sul do país buscar as diferenças entre as realidades dos vaqueiros nordestinos e os de lá, mas logo o direcionamento do trabalho mudou. “Ao ir para o Rio Grande do Sul eu fui entender melhor essa outra tradição do colega ao lado, lá do outro lado do Brasil. Então me dei conta de como é próxima a dinâmica entre dois mundos tão distantes; de como é próxima a relação humana que existe entre esses dois. Comecei a olhar mais para esse caminho, percebendo não mais as diferenças, mas os comuns que existem entre os dois extremos”.

Sobre a escolha de lançar o material em plataforma digital, Pablo diz que toda a produção foi feita com o valor do prêmio Marc Ferrez. Além disso, pesou na decisão os altos custos de um livro impresso, as possibilidades de alcance através da internet e a possibilidade de circular nacionalmente o trabalho através das palestras.

A intenção é expandir o projeto além das fronteiras brasileiras. “Agora que eu terminei esse projeto percebi um horizonte: um homem em comum. Mas esse homem só existe aqui no Brasil? Como eu não tenho essa resposta, preciso descobrir se tem outro lugar”, revelou. Buscar vaqueiros na América Latina, Ásia e África estão nos planos do inquieto fotógrafo.

 

 

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