PERNAMBUCO

Querem descaracterizar o Recife I Por Alexandre Santos

Por Alexandre Santos *

 

 

Hoje, com todos os motivos para grandes festejos, o Recife comemora 487 anos. Para registro daqueles que colecionam belas histórias, num 12 de março como este, em 1537, dois anos após a fundação de Olinda, surgiu o Recife – a atual capital do Estado de Pernambuco, que no dizer dos modestos recifenses é a mais bela cidade (em linha reta) do Planeta.

 

 

Com apenas 218 km² de área, formado por ilhas, penínsulas e manguezais, molhado pelas águas salobras dos rios Capibaribe e Beberibe que se juntam para formar o Oceano Atlântico, o Recife é a parte do paraíso ‘metade roubada ao mar, metade à imaginação’, como bem disse Carlos Pena Filho.

 

 

Epicentro de uma região com quase quatro milhões de pessoas, o Recife é terra de muitos sonhos, muitos desafios, muitas almas alegres, muitos corações por alegrar e muitos estômagos cheios e muitos por encher.

 

 

Em constante ebulição

 

 

Como toda metrópole, o Recife está em constante ebulição, servindo de palco para ideias capazes de impulsionar o dinamismo que o caracteriza e, ao mesmo tempo, [capazes] de macular a sua paisagem, roubando nacos do seu encanto.

 

 

Com efeito, por estes dias, o Recife está sendo ameaçado por grandes maluquices, destas que aparecem de vez em quando como uma espécie de provação a governantes dos quais o Povo espera um comportamento de Estadista.

 

 

De fato, pode parecer brincadeira, mas, sem atinar para a importância da integridade paisagística do centro histórico da cidade, apareceu um maluco com a proposta (diga-se de passagem, prontamente rejeitada pelos principais artistas e arquitetos da cidade) de construir por sobre prédios centenários um restaurante em formato de zepelim (artefato de guerra e de propaganda nazista).

 

Mas, a cidade não está apenas sob este risco

 

 

Com efeito, provando que as coisas do demônio nunca andam desacompanhadas, talvez supondo que a população do Recife não lembre de como se deu a expansão para a zona sul da cidade, se aproveitando dos sérios problemas enfrentados pelo condomínio de moradores e das fragilidades morais de um juiz pulsilânime, um tal Luiz Gomes da Rocha Neto (já aposentado por irregularidades funcionais), a mão invisível que pensa dar as ordens na prefeitura municipal conseguiu assumir o comando de um processo que pode levar ao leilão de cartas marcadas do Edifício Holiday – um marco da engenharia e da arquitetura do nosso pais, que, pela vontade das lobas do mercado imobiliário, vai se transformar num monte de escombros para dar lugar a um conjunto residencial de luxo.

 

 

Mas, o ‘santo’ da cidade é forte e – da mesma forma que, graças à visão de Estadista do então governador Eduardo Campos, se livrou dos viadutos que pretendiam inviabilizar a expansão do metrô pela Avenida Agamenon Magalhães -, agora, graças à visão de Estadista do prefeito João Campos, o Recife vai se livrar destes dois projetos-estorvo, que pretendem descaracterizar a mais bela cidade [em linha reta] do planeta.

 

 

O Recife rejeita os espertalhões de ocasião! Viva o Recife!

 

 

* Alexandre Santos é engenheiro e escritor. Ex-presidente do Clube de Engenharia de Pernambuco e ex-presidente da União Brasileira de Escritores.


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